Mães que a Covid levou: filhos relembram perdas no pior momento da pandemia

O Metrópoles ouviu alguns dos filhos que precisam lidar com o luto nesta data após a pandemia

atualizado 14/05/2023 10:50

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Jovem que perdeu a mãe durante a pandemia Fotos: Igo Estrela/Metrópoles

O Dia das Mães é sinônimo de almoço em família, presentes e abraços apertados. Porém, a pandemia deixou uma legião de órfãos que, a cada ano, precisa se adaptar para lidar com a ausência da genitora e ressignificar a data.

No último dia 5 de maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) referente à Covid-19. Mas as perdas que ocorreram durante a pandemia são irreparáveis. 

A estudante Aman Christina Albuquerque, 20 anos, perdeu a mãe para o coronavírus. Márcia Albuquerque morreu no dia 13 de junho de 2021, aos 43 anos, a um mês do dia previsto para tomar a primeira dose da vacina.  

“Tudo aconteceu muito rápido. Nós a internamos na quinta-feira e foi a última vez que eu a vi. A minha família não teve a oportunidade nem de se despedir. Foi um período muito difícil para nós, e continua sendo até hoje”, conta a jovem.

Mesmo com o passar do tempo, Aman afirma que a dor persiste. “Não importa quanto tempo passe, eu ainda sinto a falta dela nos mínimos detalhes. Ela era muito presente, nós fazíamos praticamente tudo juntas. Eu não desejo esse tipo de dor a ninguém.” 

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Filhos que perderam a genitora durante a pandemia e estão enfrentando o dia das mães

Fotos: Igo Estrela/Metrópoles
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Jovem que perdeu a mãe durante a pandemia

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Estudante Aman Christina Albuquerque, 20 anos

Fotos: Igo Estrela/Metrópoles

A jovem conta que, desde então, o Dia das Mães é uma data difícil para a família. Apesar disso, todos tentam levar a vida da forma mais leve possível para amenizar a dor. “Geralmente, eu sempre surpreendia ela nessas datas, dava presentes e cestas. Hoje em dia não posso mais fazer isso, e esse sentimento é horrível, não consigo nem descrever”, afirma a estudante.

No Brasil, ao todo, mais de 700 mil vidas foram perdidas para a doença. Em todo o mundo, apenas os Estados Unidos têm mais registros, superando 1,1 milhão de óbitos.

Vida de cabeça para baixo

O servidor público Vinícius Marchi, 24 anos, também teve a vida fadada pela dor da perda. O rapaz perdeu a mãe em 31 de julho de 2021. Deila Marchi tinha dois filhos, e morreu aos 48 anos. 

A perda, segundo ele, virou a vida de cabeça para baixo. “Como ela passou 19 dias internada, eu tentei me preparar o máximo que pude, mas mesmo assim ninguém está preparado para a morte da mãe”, afirma o servidor. 

Este é o segundo Dia das Mães que Vinícius passa sem Deila. “Eu ainda sofro muito, a dor não diminui. No Dia das Mães eu sempre viajo para ficar com o meu pai e evito ao máximo acessar as redes sociais. Me deixa muito mal ver as pessoas comemorando a data com a mãe, e ver que não tenho mais a oportunidade de fazer isso com a minha.”

Apesar do luto, o servidor afirma que deseja que a mãe seja lembrada como a mulher forte que era. “Ela sempre foi uma ‘mãezona’, fez de tudo por mim e pela minha irmã. Como os pais dela morreram quando ela era muito nova, ela fez o possível para proporcionar tudo que não teve para nós”, afirma o jovem.

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Filho relembra perda no pior momento da pandemia

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Itamar Oliveira, 39 anos, técnico em audiovisual

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Filho de uma das mães que morreu por conta do coronavírus

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Sem poder se despedir

A história do técnico em audiovisual Itamar Oliveira, 39 anos, também é semelhante às de Aman e de Vinícius. O homem perdeu a mãe em 2 de abril de 2021. Maria de Lourdes de Oliveira morreu aos 61 anos e deixou dois filhos. Além da mãe, Itamar também teve que lidar com a perda do pai cinco dias após a morte da genitora, no dia 7 daquele mês. 

“Depois que ela foi internada, nós só estávamos recebendo notícia de piora, então tentei me preparar e ter força para esse momento. O que me dói mais é que não tivemos a oportunidade nem de nos despedir dela”, conta o técnico em audiovisual.

O homem conta como lidou na época. “Foi tudo muito complicado, mas eu tive que ter força por conta da minha esposa e da minha filha. Ela era tudo pra mim, insubstituível. Até hoje sinto que falta um pedaço de mim”, afirma o rapaz. 

Itamar também afirma que a dor sentida durante essa época do ano é imensurável, e que tudo fica cinza. “Esse período do ano é muito difícil, porque ela faleceu em uma data muito próxima ao aniversário dela, que é perto do Dia das Mães também. Eu geralmente passo o dia com a minha esposa, e com a minha sogra, mas sempre sinto que está faltando algo.”

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