Documentos complicam coronel da PMDF por falta de planejamento no 8/1

Apesar de tentar se afastar de obrigações do planejamento no 8/1, coronel Casimiro aparece com essa função em documento da PM obtido por CPI

atualizado 28/11/2023 6:36

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Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues André Bonifácio/Ascom Chico Vigilante

Os responsáveis pelo planejamento da segurança durante o 8 de Janeiro devem ser os mais impactados pelo relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). E um documento obtido pelos deputados distritais, enviado pela Polícia Militar do DF (PMDF), traz contradições entre depoimentos e complica a situação do coronel Marcelo Casimiro.

O relator da CPI, Hermeto (MDB), já afirmou que vai incluir no texto final dos trabalhos a conclusão de que houve falta de planejamento para conter os atos antidemocráticos. Uma das perguntas principais da Comissão, dentro desse tópico, é quem foram os responsáveis por planejar a segurança por parte da PMDF. Dois “setores” da corporação são apontados em depoimento: o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) e o Departamento de Operações (DOP).

No depoimento na CLDF, Casimiro afirmou que “não foi atribuída ao 1º CPR” a função “de planejar”. “O planejamento dessa operação não foi a cargo do 1º CPR, não foi responsabilidade do 1º CPR. O POI [Protocolo de Operações Integradas] lá da Secretaria de Segurança é enviado para o Departamento Operacional, que tem a obrigação de fazer todo o planejamento e dar as ordens aos seus efetivos”, disse o coronel.

Mas, em setembro, chegou à CPI um relatório feito pela PMDF que tem como objetivo dar o “máximo de informações sobre o planejamento, as medidas tomadas e os fatos que ocorreram na manifestação popular ocorrida no 8 de Janeiro de 2023”. Já na primeira das 11 páginas, consta a informação de que todo o planejamento começou pelo Comando de Casimiro.

“O planejamento iniciou pelo 1º CPR, o sr. Cel PM Casimiro determinou que o 6º BPM [Batalhão de Polícia Militar] empregasse 3 viaturas de SVG nos horários da 7h às 15h e 15h às 23h para os dias 6 a 15 de janeiro de 2023”, traz o texto.

Todo o relatório segue citando atribuições do 1º CPR e de Casimiro, que havia, na CPI, jogado a responsabilidade para outros militares. “O Comando do 1º CPR determinou para os dias 7 e 8 de janeiro de 2023 o emprego do GPE e do GTOP26 das 8h às 16h”, mostra outro trecho sobre planos referentes ao dia 6. “No período da tarde, o Sr. Cel PM Casimiro enviou a esse signatário o Protocolo de Ações Integradas nº 2/2023”, aponta outra parte do relatório.

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Coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Henrique da Silva Pinto presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa (CLDF)

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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O coronel da PM é a última pessoa a ser ouvida pelo colegiado

Fotos: Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto
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Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF em 8 de janeiro de 2023

André Bonifácio/Ascom Chico Vigilante
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Breno Esaki/Metrópoles

O documento elaborado pela PMDF também mostra que várias movimentações vinham sendo repassadas ao 1º CPR. “Por volta das 13h30, o Sr. 2º Ten PM Koch entrou em contato com esse oficial, via telefone, informando que a ANTT tinha uma informação de 26 caravanas se deslocando ao Distrito Federal, e que o Comando do 1º CPR estava ciente.”

O relatório da PMDF cita ainda uma “precaução contra uma possível invasão da Esplanada”, do 1º CPR, que “determinou que uma viatura do 6º BPM ficasse posicionada em PB fixo, na frente do gramado do Congresso Nacional”. A falta de alimentação e água para os militares também foi amplamente criticada na CPI. No documento, o 6º BPM cita que “consultou o 1º CPR sobre a possibilidade de fazer gestão quanto à hidratação e alimentação da tropa para o dia 8”, mas não traz qual foi o retorno.

“Confie em mim”

No dia do depoimento de Casimiro à Comissão Parlamentar de Inquérito, Hermeto questionou: “A falta de planejamento foi tão grande que nem água para os policiais havia. É verdade?”. O coronel respondeu: “Isso. Pela falta de informação também”. Porém, em conversa entre Casimiro e Paulo José, que substituía Eduardo Naime na chefia do DOP, o responsável pelo 1º CPR afirmou que seu comando tinha informações.

Na conversa, obtida pelo Metrópoles e também documentada na CPI, Paulo José diz que pedirá ao coordenador-geral de Policiamento (CGP) para acompanhar a movimentação no QG. Mas Casimiro responde: “Ele não entra lá. E nem é bom. […] Temos Comandante de Batalhão e Comandante do CPR que estão acompanhando. O CGP só entra em último caso. Pode até atrapalhar, porque não tem todas as informações que o 1º CPR tem. Confie em mim, que sou o braço direito do DOP”.

O 6º BPM foi escalado por Casimiro para comandar a manifestação do dia do ataque contra a democracia. Esse Batalhão, às 17h do dia 7, percebeu uma “grande quantidade de ônibus chegando ao QGEx [Quartel-General do Exército]”, como traz o relatório. Já no dia 8, o documento, elaborado pelo 6º BPM, diz que “não estava prevista água para hidratação e alimentação para a tropa pela PMDF”, mas que “foi feito contato com o Sr. Cel PM Casimiro para fazer a gestão com a Sra. Cel PM Cíntia no intuito de verificar com a Caesb o fornecimento de copos de água”.

De faca a soco inglês

Casimiro acabou indo para a Esplanada no 8/1, mesmo estando de folga, como relatou na CPI. No relatório da PM, há a afirmação de que o coronel “estava presente na linha de revista quando os manifestantes furaram o bloqueio”, e que “foram feitas muitas apreensões de facas, soqueiras, fogos de artifício, estilingues, bolas de gude e escudos improvisados”.

Indicando as falhas da corporação no 8/1, o documento traz vários pontos. Entre eles, cita que “o efetivo do Patamo, que tinha sido solicitado para ficar próximo à linha de revista, não fez a dispersão e se retirou do local”, o emprego das tropas não era suficiente, o que precisaria ser mudado em “futuras manifestações com possibilidade de confronto”, e companhias, como “o RPMon [Regimento de Polícia Montada], BPChoque, BPCães e Bope, não se apresentaram” ao 6º BPM.

O relatório ainda pede que “haja uma mudança contratual para o fornecimento de água e alimentação emergencial” e que “os comandantes de fração de tropa obedeçam às ordens emanadas pelo comandante da operação”, entre outros pontos.

Defesa de Casimiro

Em nota, Mário de Almeida Costa, advogado de defesa de Marcelo Casimiro, hoje preso, afirma que o “1° Comando de Policiamento Regional é um órgão de execução, e não de planejamento”, e que “o Departamento Operacional da Polícia Militar possui em sua estrutura um órgão de Direção Setorial chamado subchefia operacional, que, em suma, tem a incumbência de realizar o planejamento dos grandes eventos da PMDF”.

Veja a nota completa:

Defesa – Casimiro by Metropoles on Scribd

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