CPI: empresário admite doações no QG, mas diz que só “um ou outro maluco” pedia intervenção

Acusado de financiar atos antidemocráticos, Adauto Lúcio participou de protestos e fez doações para Bolsonaro e apoiadores do ex-presidente

atualizado 04/05/2023 14:44

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Adauto Mesquita depõe na CPI da CLDF André Duarte/Ascom Chico Vigilante

Dono de uma rede de mercados atacadistas e apontado como financiador de atos antidemocráticos no Distrito Federal, Adauto Lúcio de Mesquita (foto em destaque) admitiu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa (CLDF) que fez doações ao acampamento bolsonarista montado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.

Depoente na sessão desta quinta-feira (4/5), o empresário tentou minimizar os atos criminosos dos acampados que pediam um golpe. Após afirmar ter ido ao quartel “três ou quatro vezes” e “bem rápido”, Adauto Lúcio admitiu que fez doações para compra de tendas, mas negou ter assumido o processo de contratação.

“Diretamente, não contratei tenda. Mas fiz doações pequenas, umas três. Uma de R$ 1 mil, duas de R$ 100. Eu estava andando [pelo acampamento], e tinha uma tenda com uma cozinha. A senhorinha [da tenda] falando que estava trabalhando pelo Brasil. A mulher, quase chorando, dizendo que tirariam a tenda. Aí fui lá e fiz a doação”, detalhou o empresário.

Questionado pelo deputado distrital Fábio Felix (PSol) sobre o crime de incitamento à animosidade das Forças Armadas, devido a pedidos de golpe no acampamento, Adauto Lúcio se defendeu e afirmou que só “um ou outro maluco pedia intervenção militar”, diferentemente do que mostram imagens, reportagens e inquéritos sobre os atos em frente ao quartel-general.

Outra acusação contra Adauto Lúcio era que ele teria contratado um trio elétrico para as manifestações antidemocráticas. O empresário justificou ter visto apenas uma negociação sobre o preço e relatou que teria ajudado os participantes a “pechinchar”, por ser um “comprador” e ter essa habilidade.

“Fui, apresentei-me, negociei e pedi um preço menor. Tenho habilidade de pechinchar. Mas não dei um centavo. Eles já contratariam. Só ajudei a negociar”, defendeu-se. O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), ironizou a resposta e disse que o empresário era um ótimo comprador, porque participou das negociações sem tirar dinheiro do bolso.

Adauto Lúcio admitiu, ainda, que esteve na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro de 2023, mas negou ter invadido prédios dos Três Poderes e afirmou ter ido embora quando percebeu as ações violentas.

A CPI investiga atentados cometidos após a divulgação do resultado das eleições de 2022 e questiona Adauto Lúcio sobre a participação dele e de outras pessoas na tentativa de golpe.

Um relatório da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) revelou que Adauto “não somente financiou atos antidemocráticos como também participou efetivamente das manifestações em favor de intervenção militar”. Dono da rede Melhor Atacadista, o empresário fez doações para a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022.

Em um dos protestos a favor de Bolsonaro e contra o resultado das urnas, ele chegou a alegar que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) estava “ajudando” os participantes.

“Chegando aqui, no nosso local de evento. Já estamos abrindo as asas. Polícia Militar nos auxiliando aqui. Galera chapa quente, fechou a via preparando para o trio chegar lá [ao ponto combinado]. Vai arrasar. Polícia Militar ajudando a gente. É hoje”, comemorava.

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Manifestantes bolsonarista enfrentam a polícia, invadem e destroem o Congresso Nacional
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Manifestantes bolsonaristas em ato golpista de 8 de janeiro
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Negócios

Natural de Unaí (MG), o empresário tem 55 anos, mora em Águas Claras e tem mercados espalhados pelo Distrito Federal, além de propriedades rurais em Goiás. Denúncia obtida pela Polícia Civil aponta Adauto Lúcio como criador de um grupo no WhatsApp que arrecadava dinheiro para aluguel de lonas aos acampados em frente ao quartel-general.

Além disso, a polícia verificou que ele era o responsável por vários outdoors colocados em diferentes pontos do DF, durante a campanha eleitoral de 2022, em apoio a Bolsonaro.

“Cita o denunciante que, quando o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre de Moraes proibiu outdoors em favor de candidatos a eleição, Adauto e seus sócios teriam orientado a empresa de publicidade a mudar as frases [divulgadas nas propagandas], citando a Copa do Mundo para disfarçar o intuito político de tal publicidade”, destaca o relatório da PCDF.

A assessoria de Adauto divulgou nota, dizendo que provará que “ele não cometeu qualquer ato contra a democracia brasileira”.

Leia na íntegra:

Sobre reportagens divulgadas nos veículos de comunicação do Distrito Federal acusando Adauto Lúcio Mesquita de envolvimento com os atos golpistas praticados em 8 de janeiro, a defesa do empresário acredita que os fatos serão esclarecidos e que será provado que ele não cometeu qualquer ato contra a democracia brasileira. O empresário jamais financiou qualquer movimento antidemocrático. É importante ressaltar que Adauto repudia veementemente os atos praticados em 8 de janeiro, que culminaram na destruição dos símbolos da democracia brasileira. O empresário é contra o vandalismo e a intolerância política e acredita que a democracia é feita com pensamentos diferentes, mas jamais com violência. Assim como grande parte da população, Adauto acredita na justiça brasileira e espera que todos os envolvidos nos atos de vandalismo de 8 de janeiro sejam exemplarmente punidos.

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