Um detalhe do depoimento do blogueiro Wellington Macedo de Souza, conhecido como “homem-bomba dos atos golpistas”, chamou a atenção na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Distrito Federal, nesta quinta-feira (5/10).
Narrando o dia em que Alan Diego dos Santos colocou uma bomba no Aeroporto de Brasília, ele contou que deu uma carona ao homem sem saber dos explosivos, fazendo um percurso curioso.
Segundo Wellington, Alan Diego o ligou e pediu uma carona. “Ele pediu que eu o levasse e deixasse no aeroporto. Antes, pediu para ir com ele em Taguatinga. Imaginei que fosse buscar alguém que fosse viajar com ele”, comentou.
O problema é que sair de onde Alan estava, no Quartel-General do Exército, ir para Taguatinga e depois até o Aeroporto é um trajeto de mais de 40 km.
Integrante da CPI, o deputado Fábio Felix (PSol) ironizou. “O senhor é uma das pessoas mais generosas que eu já vi dando uma carona. Fez uma curvinha em Taguatinga, nem sabe o que foi fazer em Taguatinga. Imagina que foi lá dar uma carona e voltou para o Aeroporto de Brasília com o homem bomba”, ressaltou. Veja:
Tanto Wellington quanto Alan foram condenados pela tentativa de explosão no Aeroporto de Brasília. O blogueiro ouvido nesta quinta jogou toda a responsabilidade no comparsa.
“Perguntei o que estava acontecendo e vi na mão dele um controle, tipo de ar condicionado, e ele disse: ‘Não pare mais. Pode seguir. Vou explodir o caminhão’. Entrei em pânico, em desespero, porque ainda tinha uma mochila no banco traseiro. Falei para ele: ‘Como você faz isso comigo? Estou com uma tornozeleira eletrônica’. Falei que todo o percurso que foi feito estava registrado.”
A ideia dos condenados era colocar explosivos em locais como um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília. Alan Diego fazia várias publicações no Instagram contra o resultado das urnas, com frases como “está chegando a hora”, postada no dia em que a bomba foi colocada, e a hashtag “patriotas”. Em um dos posts, publicou a foto de uma arma. Questionado duas vezes, disse primeiro que aquela era uma “foto da internet”.
Acompanhe:
Em maio, Alan foi condenado a 5 anos e 4 meses, em regime inicial fechado. Já Wellington foi condenado a 6 anos de prisão, em regime inicial fechado. Wellington acabou preso em 14 de setembro no Paraguai, após uma operação conjunta da Polícia Nacional paraguaia com a Polícia Federal (PF).
O blogueiro já compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), do Congresso Nacional, e ficou em silêncio, direito garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após pedido de habeas corpus preventivo protocolado pela defesa.
Condenação
Segundo a Justiça, a condenação de Wellington Macedo deve-se por “expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outro, mediante colocação de dinamite ou de substância de efeitos análogos em um caminhão-tanque carregado de combustível, bem como causar incêndio em combustível ou inflamável”.
O condenado quebrou a tornozeleira eletrônica dois dias após o episódio da bomba. Ele usava o equipamento desde outubro de 2021. Mesmo considerado foragido da Justiça, o blogueiro tentou entrar na cerimônia de posse do presidente do Paraguai, Santiago Peña.
Wellington havia sido preso em 2021 por estimular manifestações com pautas antidemocráticas, em 7 de setembro daquele ano, mas tinha sido liberado da prisão sob condição de usar a tornozeleira eletrônica 24 horas por dia.