Casos de suicídio aumentam no DF e especialistas alertam para sinais

Especialistas alertam para a necessidade de melhorias nas políticas públicas voltadas à saúde mental da população

atualizado 11/11/2023 13:12

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Arte de silhueta de criança Guilherme Prímola/Arte/Metrópoles

Desde 2013, a quantidade de suicídios no Distrito Federal tem registrado aumento considerável. De acordo com o InfoSaúde — página de dados da Secretaria de Saúde (SES-DF) —, há 10 anos, ocorrências do tipo representavam 6,6% do total de mortes consideradas violentas, que incluem homicídios, feminicídios e acidentes, por exemplo. Em 2023, episódios do tipo já correspondem a 14,8% do total. O cenário chama a atenção de especialistas que alertam para a necessidade de ação imediata de autoridades e melhoria nos serviços públicos voltados à saúde mental da população.

O Metrópoles teve acesso aos dados de casos ocorridos a cada ano e outros detalhes das ocorrências. Porém, por orientação de profissionais ouvidos nesta reportagem, algumas informações serão omitidas para evitar possíveis gatilhos.

“Os dados mostram que a faixa etária mais afetada é de 15 a 39 anos, o que indica que jovens e adultos jovens estão enfrentando dificuldades emocionais e psicológicas significativas. Isso pode ser resultado de pressões sociais, problemas de saúde mental não tratados e falta de apoio emocional”, avalia a psicóloga clínica e neuropsicóloga Juliana Gebrim.

Ainda em relação aos dados deste ano, o DF registrou 120 casos. O número é equivalente a 13 ocorrências do tipo por mês, considerando que os dados foram contabilizados até setembro. Já em 2022, o número absoluto chegou a 233, ou seja, 15,68% do total de mortes violentas registradas na capital em todo o ano.

Juliana explica que o suicídio é, muitas vezes, associado a doenças mentais ou estados emocionais angustiantes, mas nem todas as pessoas que cometem o ato extremo têm um diagnóstico formal de doença mental.

“Depressão, ansiedade, transtorno bipolar, de personalidade ou abuso de substâncias podem contribuir para o risco. Existem sinais que podem indicar que alguém está pensando em suicídio, como expressões de desesperança, mudanças no comportamento, sentimentos de culpa. Falar sobre morte ou suicídio, preparação para a morte, mudanças no sono ou apetite, agressividade ou irritabilidade excessiva. Aumento da impulsividade ou comportamentos de risco. É importante levar esses sinais a sério e buscar ajuda profissional imediatamente”, alerta.

Segundo Gebrim, o tratamento psiquiátrico é indicado quando o paciente apresenta sintomas persistentes e graves de transtornos mentais.

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Mas como saber quando buscar ajuda? A qualidade da saúde mental é determinada pela forma como lidamos com os sentimentos
Pessoas mentalmente saudáveis são capazes de lidar de forma equilibrada com conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida. Porém, alguns sinais podem indicar quando a saúde mental não está boa
Insônia, depressão e estresse elevam risco de arritmia cardíaca pós-menopausa
Estresse: se a irritação é recorrente e nos leva a ter reações aumentadas frente a pequenos acontecimentos, o sinal vermelho deve ser acionado. Caso o estresse seja acompanhado de problemas para dormir, é hora de buscar ajuda
Além de fatores genéticos, a longevidade pode estar associada à quantidade de vezes que a pessoa ficou doente
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Reconhecer as dificuldades e buscar ajuda especializada são as melhores maneiras de lidar com momentos nos quais a carga de estresse está alta

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Pessoas mentalmente saudáveis são capazes de lidar de forma equilibrada com conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida. Porém, alguns sinais podem indicar quando a saúde mental não está boa

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Insônia, depressão e estresse elevam risco de arritmia cardíaca pós-menopausa

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Estresse: se a irritação é recorrente e nos leva a ter reações aumentadas frente a pequenos acontecimentos, o sinal vermelho deve ser acionado. Caso o estresse seja acompanhado de problemas para dormir, é hora de buscar ajuda

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Além de fatores genéticos, a longevidade pode estar associada à quantidade de vezes que a pessoa ficou doente

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Lapsos de memória: se a pessoa começa a perceber que a memória está falhando no dia a dia com coisas muito simples é provável que esteja passando por um episódio de esgotamento mental

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Alteração no apetite: na alimentação, a pessoa que come muito mais do que deve usa a comida como válvula de escape para aliviar a ansiedade. Já outras, perdem completamente o apetite

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Autoestima baixa: outro sinal de alerta é a sensação de incapacidade, impotência e fragilidade. Nesse caso, é comum a pessoa se sentir menos importante e achar que ninguém se importa com ela

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Desleixo com a higiene: uma das características da depressão é a perda da vontade de cuidar de si mesmo. A pessoa costuma estar com a higiene corporal comprometida e perde a vaidade

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Sentimento contínuo de tristeza: ao contrário da tristeza, a depressão é um fenômeno interno, que não precisa de um acontecimento. A pessoa fica apática e não sente vontade de fazer nada

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Para receber diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, é muito importante consultar um psiquiatra ou psicólogo. Assim que você perceber que não se sente tão bem como antes, procure um profissional para ajudá-lo a encontrar as causas para o seu desconforto

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Diagnósticos e ajuda

O psiquiatra e professor de medicina do UniCeub Lucas Benevides explica que o tratamento pode passar para a psiquiatria quando há diagnóstico de doenças mentais, risco iminente de autoagressão ou quando um profissional de saúde mental considera necessário acompanhamento especializado, que pode incluir medicamentos e/ou terapia.

O profissional afirma que o pensamento suicida surge após um período de insatisfação com a vida. “Antes, a natureza sinaliza com sinais mais sutis, como a vontade de dormir e não acordar”.

“Os dados indicam um problema de saúde pública preocupante no DF. O aumento no número de suicídios pode sugerir várias questões subjacentes, como problemas de saúde mental, econômicos, sociais ou até mesmo de acessibilidade a serviços de saúde. As idades das vítimas apontam para um grupo que potencialmente enfrenta desafios como pressões sociais e econômicas, transições de vida e questões de identidade, que podem ser fatores de risco para comportamento suicida”, completa Benevides.

Responsabilidade ao lidar com o tema suicídio

Os especialistas ouvidos pelo Metrópoles para a construção desta reportagem apontam que textos jornalísticos sobre o tema podem ajudar na prevenção, desde que feitos com responsabilidade. O psiquiatra Lucas Benevides frisa que a maneira como os meios de comunicação abordam o tema é crucial.

“Reportagens responsáveis e sensíveis podem ajudar na prevenção, promovendo a conscientização sobre a importância da saúde mental. No entanto, a cobertura sensacionalista ou detalhada pode ter um efeito negativo, levando ao que é conhecido como ‘efeito Werther’, ou suicídio por imitação. É essencial abordar a questão do suicídio de maneira multifacetada, envolvendo profissionais de saúde, políticas públicas, comunidade e mídia, para criar um sistema de suporte que possa efetivamente reduzir e prevenir o suicídio”, diz Benevides.

A psicóloga Juliana Gebrim considera que a abordagem pode ter um impacto significativo nas pessoas que têm tendências suicidas. “Quando abordado de maneira responsável e sensível, pode ajudar a aumentar a conscientização e encorajar as pessoas a buscar ajuda. No entanto, uma abordagem sensacionalista e gráfica pode ter efeitos negativos nas pessoas vulneráveis. É importante que os jornais abordem o tema com responsabilidade, evitando detalhes gráficos e fornecendo informações sobre recursos de prevenção e apoio”, avalia.

Busque ajuda

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar por meio do número 188. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo, voluntária e gratuitamente, todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, podem buscar ajuda por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.

O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O Núcleo atua tanto de forma presencial, em ambulância, como à distância, por telefone, na Central de Regulação Médica 192.

Na rede pública da saúde, a assistência psicológica pode ser encontrada nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), hospitais e unidades básicas de Saúde.

O UniCeub também oferece atendimento. Pela taxa de R$ 40, crianças, a partir de 4 anos, adolescentes, adultos, casais e famílias podem ser atendidos. As consultas acontecem no Edifício União, localizado no Setor Comercial Sul. Após a avaliação psicológica do paciente, as consultas são agendadas uma vez por semana, com o apoio dos alunos do curso de psicologia. Os interessados podem agendar o atendimento por telefone (61) 3966-1626, ou presencialmente, no Edifício União.

A Universidade Católica de Brasília (UCB) também oferece esse tipo de acompanhamento. O atendimento terá novas vagas a partir de março de 2024. No momento, a clínica oferece o plantão psicológico, ou seja, atendimento em sessão única voltado para casos de emergência, quando o paciente está em crise depressiva, por exemplo.

O plantão acontece às terças e quintas, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30. Tem um horário extra à note, às 20h30. Cada atendimento dura de 50 minutos a uma hora. Este ano, o plantão vai funcionar até 30 de novembro.

Os canais de contato são Telefone (61) 3356-9328 e WhatsApp (61) 99267-0473.

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