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Por que Toffoli disse que Aras garantiu a democracia no Brasil

Ex-PGR dizia, nos bastidores, que fez movimentos discretos para conter ânimo golpista no núcleo-duro bolsonarista e nos quartéis

atualizado 25/10/2023 9:45

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Foto colorida do ministro Dias Toffoli -- Metrópoles Vinícius Schmidt / Metrópoles

Na véspera de deixar a Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras foi homenageado no Conselho Nacional do Ministério Público e ouviu generosos elogios do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que participou da cerimônia como convidado especial.

Toffoli disse que, se não fosse Aras, talvez o Brasil não tivesse democracia hoje. “Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força do silêncio de sua excelência, Augusto Aras, talvez nós não estivéssemos aqui. Nós não teríamos, talvez, democracia”, afirmou o ministro no discurso, espalhado aos quatro ventos.

“Faço essas referências porque são coisas que serão contadas mais à frente da história, que poucas pessoas sabem. Nós estivemos muito próximos da ruptura. E na ruptura não tem Ministério Público, não tem direitos, não tem a graça. A graça é ser amigo do rei”, prosseguiu.

Muita gente ficou sem entender as declarações de Toffoli, especialmente porque Aras se calou muitas vezes quando Jair Bolsonaro atacou ferozmente o STF e alguns de seus colegas de toga. Mas conversas de bastidores mantidas pelo ex-PGR nos meses anteriores ao término do seu mandato dão uma pista sobre a declaração misteriosa do ministro. Nessas conversas, Aras se gabava por ter feito movimentos discretos, antes do 8 de janeiro, para conter arroubos antidemocráticos no entorno mais próximo de Bolsonaro e também nos quartéis.

Sem dar muitos detalhes, ele contava, com boa dose de orgulho, que não fez qualquer gesto que pudesse ser lido como apoio às maquinações golpistas de aliados próximos do gabinete presidencial. E que, especialmente, nas comemorações do 7 de setembro de 2021 e 2022, quando havia o temor de que seguidores de Bolsonaro pudessem promover quarteladas, acionou contatos em diversas regiões do país para deixar claro que o Ministério Público não toleraria ataques às instituições e à democracia.

Augusto Aras dizia que, nas duas ocasiões, acionou promotores do MP Militar para fazer com que o recado chegasse aos quartéis — inclusive os das polícias militares, onde havia também grande concentração de bolsonaristas dispostos a participar de aventuras antidemocráticas.

Ainda no cargo, Aras compartilhou essa história várias vezes com pessoas próximas. Algumas delas garantem que foi exatamente a isso que Toffoli se referiu. Entre outras figuras que conhecem muito bem o ex-procurador-geral, há uma leitura alternativa e bem menos heróica: a de que ele tentava espalhar essa versão para se descolar minimamente do rótulo de bolsonarista e para tentar ganhar a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ainda tinha esperança de ser reconduzido para mais um mandato na PGR.

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