Por mais que o Palácio do Planalto negue oficialmente, o novo avião presidencial já está escolhido, como a coluna informou na semana retrasada, e só uma decisão drástica pode alterar os planos.
O processo de escolha, conduzido por oficiais da Força Aérea Brasileira a partir de um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está tão avançado que já há até um esboço de cronograma para deixar a aeronave em condições de ser integrada à frota da Presidência.
O avião já chegará configurado para transporte VIP, com ampla suíte de casal, sala de jantar, espaços para reuniões, banheiros completos (com chuveiro incluído) e uma série de outras comodidades.
Mas tem um detalhe: de tão luxuosa, a aeronave terá que passar por algumas pequenas adaptações antes de começar a voar com Lula a bordo.
Fontes graduadas ouvidas pela coluna estimam que serão necessários três meses, aproximadamente, para fazer esses ajustes.
Também será preciso instalar um cabeamento especial para permitir que Lula, os demais passageiros e a tripulação tenham um serviço seguro de internet a bordo.
Como é praxe no mercado, o negócio será fechado com o banco detentor do contrato de leasing firmado com o usuário anterior da aeronave. O valor da transação é mantido em sigilo, mas é certo que será algo na casa das centenas de milhões de reais.
Conforto de sheik
Se a ideia era viajar com mais tranquilidade, Lula terá conforto digno de um sheik. Literalmente. Como a coluna antecipou, a aeronave escolhida pela FAB vinha sendo utilizada, até há pouco, por multimilionários do mundo árabe.
É um daqueles aviões de padrão super VIP, que geralmente são montados sob medida para transportar megaempresários e estrelas da música e do cinema, com requinte e comodidade comparáveis aos de um hotel cinco estrelas – no caso em questão, há ainda os exageros típicos dos excêntricos petrobilionários árabes.
“Muito luxuoso”
“É muito luxuoso”, disse à coluna uma das fontes a par do assunto, fazendo questão de acentuar o “muito”. E é justamente por isso que será necessário fazer os pequenos ajustes na configuração.
A ideia é limar alguns excessos, de modo a tornar o avião mais adequado para o uso de um presidente – em geral, jatos do tipo configurados para sheiks árabes costumam ter acabamento interno com detalhes extravagantes, como adornos em ouro, que não pegariam bem se fossem mantidos.
A partir do pedido de Lula para providenciar um avião presidencial melhor, o governo chegou a cogitar a possibilidade de reconfigurar um dos dois Airbus A330 comprados pela FAB durante o governo de Jair Bolsonaro.
Depois, porém, chegou-se à conclusão de que valeria mais a pena comprar no mercado de usados um jato que já esteja configurado para transporte VIP.
Planalto esconde o jogo
Logo após fazer as primeiras viagens internacionais do atual mandato, Lula se queixou do desconforto das aeronaves atualmente disponíveis na frota presidencial – uma delas é o Airbus A319 apelidado de Aerolula (foto), que ele mesmo comprou em 2004 – e ordenou que fosse providenciado um novo avião.
Ele pediu um modelo que tivesse mais espaço interno, com uma suíte confortável para ele e para Janja, sala de reuniões e escritório de trabalho.
Embora nos bastidores o negócio já esteja encaminhado, oficialmente o Palácio do Planalto esconde o jogo. Em nota enviada à coluna, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou que ainda “não há decisão” sobre a compra do novo avião e que, quando houver, o processo “será público e conduzido pela FAB”.
