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A delicada operação do Brasil para resgatar família ligada ao Hamas

Brasileira foi casada com filho de um dos fundadores do grupo terrorista, com quem teve sete crianças. Ela quer voltar, mas ele não deixa

atualizado 07/02/2024 15:28

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Imagem coloria mostra fumaça após ataque aéreo atingir a faixa de gaza - Metrópoles Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images

O Itamaraty está jogando um jogo delicado na Faixa de Gaza depois de repatriar dezenas de brasileiros que viviam na zona de conflito.

É, talvez, o desafio mais complexo desde o início da guerra.

A missão é tentar resgatar, no coração de Gaza, uma brasileira e os sete filhos que ela teve com o palestino Said Dukhan, filho de Abd al-Fattah Dukhan, um dos fundadores do Hamas, morto em 2023.

A brasileira, cuja identidade será mantida em sigilo, é divorciada, relata que ela e as crianças já foram agredidas diversas vezes e, já há algum tempo, clama para voltar.

Said Dukhan, porém, tem se mostrado inflexível. Pelas leis palestinas, o pai tem poder pleno sobre os filhos e as crianças só podem sair de Gaza com autorização expressa dele.

O Itamaraty vem tentando negociar a saída de todas as maneiras. Até o momento, porém, sem sucesso.

Os diplomatas brasileiros que atuam na região, a partir do escritório em Ramallah, na Cisjordânia, têm feito gestões junto à Autoridade Palestina, mas esbarram na quase inexistente capacidade dos seus dirigentes de interferir na questão, especialmente porque a família, teoricamente, vive sob os domínios do Hamas — a começar pelo fato de estar, fisicamente, em uma área controlada pelo grupo.

Há, em paralelo, tentativas de negociar a saída das crianças diretamente com Said Dukhan, mas essas têm se mostrado igualmente infrutíferas. Da última vez que os diplomatas brasileiros buscaram contato, Said estava fora de Gaza. Havia viajado para a China – sabe-se lá por qual motivo.

O processo é delicado, ainda, por outras razões, o que exige dos oficiais encarregados de conduzi-lo uma série de cuidados extras. A brasileira se diz ameaçada de morte pelo ex-marido e é sabido que, depois de tudo o que passou, odeia os terroristas do Hamas.

Nascida em Santa Catarina, ela viveu em Brasília e foi para Gaza em 2005. Lá, aos 22 anos, casou-se com Said Dukhan – sem saber, afirma, da estreita ligação da família dele com o Hamas. Os dois se separaram no ano passado.

No início deste ano, ao repórter Diogo Bercito, da Folha de S.Paulo, a catarinense de 41 anos contou que, nas duas décadas em que estiveram juntos, foi vítima de violência doméstica por diversas vezes. Said teria, inclusive, tentado matá-la. As crianças, disse, também eram espancadas pelo pai.

Enquanto isso, assim como fez com as outras famílias que aguardavam pela repatriação, o Itamaraty tem ajudado a brasileira e seus sete filhos com alimentos e remédios. O caso tem sido tratado como prioridade, mas, ao menos por ora, é difícil prever qual será seu desfecho.

Nesta quarta-feira, uma outra brasileira que aguardava autorização desde o início da guerra para deixar Gaza obteve finalmente a liberação. Ela e os três filhos vão deixar a região nas próximas horas pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. Uma das crianças nasceu já durante o conflito, na noite do último Natal.

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