O Exército permitiu a retirada de barricadas que impediam o acesso de manifestantes, de carro e moto, ao acampamento bolsonarista. Os bloqueios haviam sido colocados pelo próprio Exército no acesso à avenida que margeia o QG, na manhã de 7 de janeiro. Àquela altura, a cúpula das Forças Armadas já tinha informações sobre os atos previstos para o dia seguinte.
Na ocasião, carros e motos chegavam aos montes no acampamento em Brasília. Um vídeo obtido pela coluna mostra bolsonaristas extremistas retirando as barricadas, para liberar o acesso aos demais manifestantes. Em certo momento, o grupo deu as mãos e criou um cordão para garantir que uma faixa da Avenida do Exército ficasse livre para os veículos.
“Nós abrimos a porteira para o povo passar. O Exército não queria deixar o povo passar. E nós viemos aqui, demos a mão. Pode passar. Todo mundo vai. Está todo mundo unido. Aqui, quem manda somos nós. Nós que pagamos o salário deles”, diz uma manifestante.
Em seguida, um único militar do Exército aparece no vídeo colocando um bloqueio na via. A interrupção do fluxo não dura um minuto sequer. Segundos depois, a barricada é novamente retirada pelos manifestantes, sem qualquer medida enérgica por parte de militares. “Pode ir, patriota. Vai! Todos vocês”, comemora a extremista.
Exército usou até blindado contra a PM
Caberia ao comandante do Batalhão de Polícia do Exército, tenente-coronel Bruno Fett, garantir que as barricadas não fossem retiradas. A coluna o procurou por meio de assessoria de imprensa, mas não houve retorno.
A complacência do Exército nesse episódio contrasta com a postura enérgica adotada quando a PMDF tentou acessar a mesma avenida para prender manifestantes. Naquela noite de 8 de janeiro, o Exército montou uma barreira e se utilizou até mesmo de blindados para evitar o avanço da tropa policial.
Na ocasião, como a coluna mostrou, o clima chegou a ficar tenso entre comandantes do Exército e da Polícia Militar. O governo federal foi informado de que militares tentavam proteger e viabilizar a fuga de amigos e parentes que estavam acampados.
A coluna procurou o Exército, que se manifestou por meio de nota.
“No que tange às manifestações ocorridas, eventuais condutas envolvendo militares têm sido alvo de apuração por parte das autoridades competentes. A instituição segue à disposição dos órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações em curso, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente aos mesmos.”
