Chefe da Abin de Lula, Luiz Fernando Corrêa teve um encontro secreto com Alexandre Ramagem, chefe da Abin de Bolsonaro supeito de usar a agência para monitorar adversários do ex-presidente e produzir informações que auxiliassem Flávio Bolsonaro e Jair Renan em investigações.
A reunião foi revelada com exclusividade pela coluna em junho e não constou nas agendas oficiais nem nas redes sociais de Corrêa e Ramagem. O encontro ocorreu em 16/6, na sede da Abin. Mas, na agenda de Luiz Fernando Corrêa, consta apenas que foram feitos “despachos internos” às 8h e às 14h.
Na última quinta-feira (25/1), ao determinar a operação contra Ramagem, que atualmente é deputado federal, o ministro do STF Alexandre de Moraes citou relatório da Polícia Federal que aponta que o chefe da Abin de Bolsonaro buscou informações sobre a investigação da qual é alvo.
O encontro de Corrêa com Ramagem é mais um elemento na escalada de tensão entre a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência e a da PF.
Como mostrou a coluna, a Polícia Federal avalia que a agência dificultou o acesso a informações sobre a investigação envolvendo o software espião First Mile.
Internamente, na Abin, o fato de Corrêa ter selecionado integrantes do governo Bolsonaro para postos de destaque na agência também foi visto com desconfiança.
A Agência Brasileira de Inteligência afirma que a reunião com Ramagem foi solicitada pelo deputado, que entrou em contato com a assessoria parlamentar da Abin. Ainda de acordo com a agência, o encontro foi “protocolar”, para que o deputado pudesse parabenizar Corrêa por ter assumido o mais alto posto da Abin.
Segundo a Agência Brasileira de Inteligência, é comum que ex-chefes da Abin e parlamentares que integram a Comissão de Controle de Atividades de Inteligência, o caso de Ramagem, solicitem reuniões com a cúpula da instituição.