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O argumento de aliados de Bolsonaro para prender Moraes

Saiba por que o plano de aliados de Jair Bolsonaro para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) envolvia prisão de Alexandre de Moraes

atualizado 22/09/2023 10:05

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Em janeiro deste ano, a coluna trouxe à tona que a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pleiteada por aliados de Bolsonaro envolvia a prisão de Alexandre de Moraes. Colocada no papel na delação premiada de Mauro Cid, a informação ganha, agora, potencial para levar militares e políticos para o banco dos réus.

Mas por que a prisão do ministro fazia parte do plano para intervir no tribunal? Primeiro é preciso compreender que a intervenção discutida se baseava em duas alegações: parcialidade de Moraes como presidente do TSE ao longo do processo eleitoral, com decisões que teriam prejudicado Bolsonaro e beneficiado Lula, e falta de transparência nas urnas eletrônicas, uma vez que o voto impresso não foi instaurado.

Como os dois argumentos apresentados seriam refutados pela ampla maioria dos ministros do tribunal, a prisão de Moraes era necessária para servir de exemplo na Corte e respaldar o interventor que seria nomeado.

A justificativa é que Alexandre de Moraes teria cometido crimes ao gerar desequilíbrio na disputa pela Presidência da República. Acusado de fraudar o processo eleitoral e ferir o artigo 14 da Constituição, que versa sobre soberania popular e sufrágio universal, ele seria encarcerado, e uma nova eleição, convocada.

Eis alguns exemplos que chegaram a ser discutidos para embasar a tese de suposta parcialidade de Alexandre de Moraes como chefe do TSE:

1- Proibir Bolsonaro de fazer lives no Planalto e no Palácio da Alvorada, a residência oficial.

2- Proibir Bolsonaro de usar, na campanha eleitoral, imagens do desfile de 7 de Setembro. Fotos e vídeos da Praça dos Três Poderes lotada eram vistas por aliados do ex-presidente como um canhão eleitoral.

3- Autorizar de forma inédita estados a oferecer transporte público gratuito no segundo turno das eleições, medida que, numa disputa apertada, teria sido crucial para a vitória de Lula, preferido entre eleitores de baixa renda.

4- Alegação de “censura” imposta pelo TSE ao ex-ministro da Corte Marco Aurelio de Mello, que afirmou, em vídeo, que Lula não foi inocentado e tampouco absolvido na operação Lava Jato. O processo foi anulado e, em tese, o presidente será julgado novamente.

A intervenção no TSE foi discutida por militares e políticos do convívio pessoal de Bolsonaro. Alguns tinham assento no próprio Palácio do Planalto. Outros, na Esplanada dos Ministérios.

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Então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier seria entusiasta da ruptura democrática, de acordo com delação de Mauro Cid
Flávio Bolsonaro
Como antecipado pela coluna, Felipe Martins foi citado na delação de Mauro Cid. Ele é suspeito de entregar minuta golpista a Bolsonaro
Caberá a Bolsonaro definir se PL terá ou não candidato em SP
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Nas reuniões, Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, manifestou-se contra intervenção no TSE e invocação do artigo 142

Breno Esaki/Especial Metrópoles
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Então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier seria entusiasta da ruptura democrática, de acordo com delação de Mauro Cid

Isac Nóbrega/PR
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Flávio Bolsonaro

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Como antecipado pela coluna, Felipe Martins foi citado na delação de Mauro Cid. Ele é suspeito de entregar minuta golpista a Bolsonaro

Reprodução
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Caberá a Bolsonaro definir se PL terá ou não candidato em SP

Igo Estrela/Metrópoles - @igoestrela

A medida radical, contudo, nunca foi consenso na classe política. “Bando de doido”, relatou uma fonte ao sair de uma das reuniões, em meados de dezembro.

Como noticiou a coluna no ano passado, Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, foi um dos que se manifestaram contrários à intervenção, fosse ela militar ou no âmbito do TSE.

O dirigente se arrependeu, até mesmo, de pedir auditoria nas urnas eletrônicas após a vitória de Lula. O próprio senador Flávio Bolsonaro, em entrevista à coluna em 5 de dezembro, afirmou que a transição para o governo Lula seria pacífica e descartou golpe.

“Muitos em Brasília estavam tentando se proteger de algo que nunca existiu. O presidente Bolsonaro sempre agiu e agirá dentro da Constituição Federal”, afirmou o parlamentar na ocasião.

A declaração foi criticada pela ala radical. E, dias após a entrevista de Flávio, aliados de Bolsonaro voltaram a discutir duas possibilidades para evitar a posse de Lula: intervenção no TSE e invocação do artigo 142 da Constituição Federal, que, na visão de alguns bolsonaristas, seria uma espécie “intervenção militar”.

Bolsonaro não deverá negar a ocorrência de tais reuniões. Afinal, outros aliados na mira da Justiça além de Mauro Cid poderão, pressionados, corroborar a versão do ex-ajudante de ordens.

Contudo, o ex-presidente deverá ponderar que ele próprio nunca teria levado adiante qualquer possibilidade de ruptura democrática. Repetirá, mais uma vez, que “sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição”. E que não é responsável pelo que os outros dizem.

Como a coluna antecipou, entre os nomes citados na delação de Mauro Cid está o de Felipe Martins, então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência. Um dos militares que teriam participado dos encontros é o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha.

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