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Pague aí o imposto sindical e fique quieto

Na demolição da reforma trabalhista, o maior entulho é a volta do imposto sindical, essa tungada do patrimonialismo sindical

atualizado 27/06/2023 9:01

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Imagem colorida de notas de dinheiro Getty Images

Enquanto Lula se esbalda em luxuosas viagens internacionais, que já custaram 7,3 milhões de reais aos pagadores de impostos, sem contar essa última excursão à Itália e à França, os artigos da Reforma Trabalhista vão sendo demolidos de maneira fatiada pelo Judiciário, exatamente como previsto que ocorreria depois da vitória do viajante internacional. O patrimonialismo sindical venceu nas urnas e agora vai se impondo também no tribunal, com a volta do imposto sindical e de outras coisinhas não tão miúdas. Reintegra-se, assim, aos patrimonialismos das outras castas.

Na sexta-feira passada, em ação movida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, o STF decidiu que não há limites para o pagamento de indenizações trabalhistas pelas empresas, ao contrário do que foi estabelecido pela Reforma Trabalhista: de 3 até 50 salários do trabalhador, a depender da gravidade do caso. Pela decisão, o juiz trabalhista poderá decidir o valor que quiser, desde que respeitados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, além de outros que lhes são adjacentes. O que era teto passou a ser apenas parâmetro.

Se os limites da Reforma Trabalhista eram realmente baixos para os casos mais graves passíveis de indenização, seria o caso de aumentá-los, não de transformá-los em simples referência para uma Justiça extremamente ideologizada, hostil a empresas e ao capitalismo — e, corolário, amiga do peito do sindicalismo, como é a Justiça do Trabalho.

Foi por causa da falta de razoabilidade e de proporcionalidade da parte de juízes do trabalho, bem como da de advogados autônomos e de causídicos de sindicatos, que a reforma fixou tetos. Esperar razoabilidade em relação a capitalistas de juízes anticapitalistas e de causídicos espertalhões ou com agenda sindical é como esperar voto de pobreza de pastor evangélico.

A demolição da Reforma Trabalhista será mesmo gloriosa, contudo, quanto ao artigo que aboliu o chamado imposto sindical. Pela reforma, só os trabalhadores sindicalizados têm de pagá-lo. Os não-sindicalizados estão isentos desse verdadeiro confisco. Mas ele voltará. Provocado muito logicamente por entidades sindicais, o julgamento sobre a contribuição assistencial obrigatória, nome oficial da estrovenga, foi devolvido ao plenário do STF. Só falta um voto para o tribunal decidir pela volta do desconto em folha de um dia de batente por ano em favor do sindicato da categoria do trabalhador.

O diabo sindical está no detalhe. A contribuição, que passou a ser obrigatória somente a quem se sindicaliza de vontade própria, só deixará de ser compulsória para quem manifestar formalmente oposição ao seu pagamento. Ou seja, o trabalhador não-sindicalizado é que deverá comunicar a empresa e o sindicato de que não quer pagar a taxa. Do contrário, ele será tungado de forma automática. Exatamente como era antes, mas os trabalhadores nunca foram devidamente informados desse direito. E nem serão.

Para se ter ideia do entulho em jogo, até a promulgação da Reforma Trabalhista, em 2017, a contribuição para os sindicatos somava 3,05 bilhões de reais por ano, segundo o Ministério do Trabalho. Em 2021, caiu para 65,5 milhões de reais. Isso quer dizer que os sindicatos foram muito pouco eficientes em convencer a maioria dos trabalhadores da sua importância na defesa de direitos. São pouco representativos. A obrigatoriedade ampla, geral e quase irrestrita é, portanto, um prêmio por essa ineficiência e falta de representatividade.

Os sindicatos dizem que precisam dessa dinheirama para custear o seu funcionamento e as negociações coletivas. Conversa mole. Querem a bufunfa é para garantir a manutenção do status quo patrimonialista do qual auferem vantagens como o imposto sindical, não importa o nome que se dê ao confisco. O patrimonialismo sindical venceu em todas as frentes. Pague aí o imposto sindical e fique quieto. Lembre-se: a tungada no seu bolso é em defesa da democracia e contra a “mentalidade escravocrata”.

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