Quem curte um bom rock’n’roll teve endereço marcado no último sábado (22/4): mais uma edição da Play. A festa, conhecida na cena musical e com uma tribo de seguidores, foi realizada na Externa. Referência na capital federal há 15 anos, o evento celebrou o passado, o presente e o futuro. Na ocasião, a atração principal da noite foi o Supla, artista que é símbolo não apenas do estilo musical, já que também atua como influencer e ícone fashion.
No microfone e nas pickups, Supla ressignificou a noite ao som de muito punk rock para uma plateia agitada e dominada por looks ousados, rebeldes e criativos. A Coluna Moda Fora dos Padrões marcou presença e registrou os visuais de quem estava por lá. C’mmon kids!
A festa de 15 anos da Play foi um verdadeiro mergulho nos mais diversos estilos do rock: desde Elvis e Beatles ao goth, opera, glam (Elton John), rough (Kiss), o punk (Sex Pistols, Vivienne Westwood, Clash…), e o pós-punk. Sem deixar de mencionar o imenso leque que é o rock alternativo e o universo do indie rock, que inclui favoritos como MGMT e outros já considerados clássicos, a exemplo do White Stripes.
Supla, um dos maiores astros da cena punk rock brasileira, compartilhou seus sons favoritos e também apresentou alguns hits da vasta carreira. A atração principal vestiu calça preta ilustrada com folhas de maconha, com direito aos clássicos acessórios em spikes, adornando tanto uma das botas quanto a bolsa que carrega atravessada no peito.
O look do músico tinha fivelas e detalhes em laranja. Tudo isso combinado com diferentes pares de óculos escuros que ele troca durante a performance. Para completar o estilo que lhe é único, uma bolsa vintage com estética de carregar bolas de boliche e logo da extinta companhia aérea Pan American World Airways. Dentro da peça, a coleção de CDs que o acompanha.
Quando questionado sobre a relação entre as músicas, além da junção do rock com a moda, Supla foi objetivo: “It’s all street (tudo vem da rua, em tradução do inglês)”. “A primeira vez que escutei rap, senti uma atitude punk na batida e na voz de quem produz esse estilo. Rapture, da Blondie, é uma faixa que a Debbie Harry fez com o grande DJ e produtor de rap Grandmaster Flash. Além disso, o primeiro piece de grafite ligado à cultura de hip-hop era a capa do álbum do Black Sabbath. Tudo se interliga de alguma forma. Rock’n’roll é coisa de rua”, declarou.
Fãs de rock estiveram em peso no Setor Comercial Sul para curtir a Play. Em geral, os visuais foram extremamente variados. Muito além da estética all-black e clássicas camisetas de banda, o repertório englobou acessórios, cores e brilho.
Entre as estampas, opções desde o selvagem leopardo até linhas mais sóbrias. Listras em vermelho e branco dos looks, pautados pelo estilo de Meg e Jack White, com vibe retrô e psicodelia, estavam presentes.
Como não poderia deixar de ser, uma balada de rock ao som de Supla vibra brasilidade em tons de verde e amarelo, repletos de bossa. Entre as peças escolhidas, jaquetas e camisas como terceira peça chamaram a atenção. Nos detalhes, destaque para correntes em meio a visuais genderless, à la David Bowie.
Não é de hoje que Brasília é referência na cena do rock’n’roll. A história da capital com a música é tão antiga quanto a cidade fundada há 63 anos. Em outras palavras, o rock é parte da cultura brasiliense, que, embora recente, veio para ficar. E a Festa Play, que surgiu quase como “um último reduto do rock” na cidade, está inserida há décadas nessa cena.
“Externa é nossa casa, e abriga a Play. Os sócios da festa são donos da Externa”, afirma Rafael Ktuh, DJ que é sócio do evento há 8 anos. Ele também integra o coletivo CLTV, residentes na festa. O grupo é formado por Gabriella Buzzi, Vinicius Corrêa, Bruna Carone, Júlia Roseo, Criba e Luara Baggi. Todos partilham, em comum, estilos próprios e que inspiram diferentes gerações.
Atualmente, o resultado é a expansão coletiva não apenas do rock, mas da música como um todo. Com ela vem a expressão de ideais, discussões de mudanças, demonstradas de formas expressivas em outfits criativos que acompanham a revolução e o rock. Vivemos um revival e encontramos na festa um espaço de liberdade de expressão.
Veja mais looks da Festa Play na galeria:
Colaborou Edson Caldeira
