Demitido por Lula do cargo de número 2 da Abin, Alessandro Moretti se reapresentou nesta semana à Polícia Federal, instituição da qual é delegado de carreira desde 1999.
Segundo apurou a coluna, a cúpula da PF já decidiu manter Moretti lotado em Brasília, provavelmente na superintedência da corporação no Distrito Federal.
A decisão difere de outros delegados e agentes da corporação que, após deixarem cargos no governo federal, acabaram sendo contemplados com postos no exterior.
Moretti foi demitido da agência por Lula na semana passada enquanto estava oficialmente de férias. Ele foi exonerado em meio ao escândalo da chamada “Abin paralela”.
O delegado seguirá sendo investigado pela própria Polícia Federal no caso. O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e tem como relator o ministro Alexandre de Moraes.
“Possível conluio”
Lula decidiu pela demissão após relatório da PF apontar “possível conluio” da atual gestão da Abin com investigados no esquema de monitoramento ilegal de autoridades pela agência durante o governo Bolsonaro.
Moretti foi citado nominalmente no documento da PF. Segundo o relatório, ele teria dito, em uma reunião com investigados do esquema de monitoramento ilegal, que a apuração teria “fundo político e iria passar”.
A postura de Moretti foi criticada pela PF. No relatório, a corporação afirmou que aquela não era a postura esperada de um delegado que, até dezembro de 2022, ocupava a função de diretor de Inteligência da Polícia Federal.
Resistência a Moretti já vinha de antes
O documento só intensificou a resistência que havia dentro do governo em relação a Moretti. Delegado da PF, ele enfrentava críticas desde que foi escolhido para ser o número 2 da Abin por Luiz Fernando.
A resistência se deve ao currículo do delegado. No governo Bolsonaro, ele foi diretor de Inteligência da PF. Antes disso, chegou a ser número 2 de Anderson Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
As críticas à escolha de Moretti, inclusive, fizeram com que o Senado atrasasse a sabatina de Luiz Fernando. O indicado por Lula para comandar a Abin, no entanto, bancou a nomeação do número 2.
