O governo Lula deverá adotar, em relação a pautas progressistas, estratégia parecida com a que Jair Bolsonaro usou com o objetivo de flexibilizar as regras para aquisição de armas de fogo no Brasil.
Assim como Bolsonaro facilitou a posse de armas via portarias e decretos, Lula pretende recorrer a instrumentos que não precisam passar pelo Legislativo para tentar avançar no que for possível em alguns temas, como o aborto legal.
O motivo seria a falta de apoio no Congresso a pautas progressistas. Lideranças do PT admitem não haver votos suficientes entre parlamentares para aprovar projetos que ampliem o direito da interrupção da gravidez.
Assim, restaria a Lula abrir a caixa de ferramentas do governo. Como fez nesta semana, por exemplo, ao tirar o Brasil do Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e Fortalecimento da Família.
Outro ação do governo Lula veio do Ministério da Saúde, que revogou recentemente uma portaria que exigia aviso à autoridade policial em caso de aborto previsto em lei.
Já Bolsonaro, também sem votos no Congresso para modificar a legislação sobre armas de fogo, editou ao longo de seu mandato mais de 17 decretos e 19 portarias sobre o tema.