Afastado pelo STF nesta sexta-feira (20/10) por suspeita de integrar um esquema de espionagem ilegal, o secretário de Planejamento e Gestão da Abin, Paulo Fortunato, já havia sofrido a mesma sanção em 2008 por motivo parecido.
Na época, Fortunato era diretor de Contra-Inteligência da Abin e foi afastado no âmbito da Operação Satiagraha, que apontou o envolvimento da agência em escutas contra o ministro Gilmar Mendes, então presidente do STF.
Após a revelação do escândalo, o então diretor foi afastado por Lula, que estava em seu segundo mandato como presidente da República. Além dele, o petista afastou o então diretor-geral da Abin Paulo Lacerda.
À época, a agência era vinculada à então Casa Militar, que posteriormente passou a se chamar Gabinete de Segurança Institucional (GSI). No terceiro mandato de Lula, no entanto, a Abin foi transferida para a Casa Civil.
Apesar do passado nebuloso de Fortunato, Lula deu aval para o diretor voltar para a cúpula da Abin em seu terceiro mandato presidencial. Como secretário de Planejamento, ele é o número 3 na hierarquia da agência.
Afastamentos na Abin
Fortunato foi afastado da Abin nesta sexta junto a outros quatro diretores da agência. Eles são investigados em operação que apura o uso de um sistema de geolocalização de celulares de forma ilegal, sem autorização da Justiça
Pelo menos parte dos servidores investigados tinham ligação com o governo Jair Bolsonaro e com o ex-diretor da Abin da gestão anterior e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Além de afastar Fortunato do cargo, a PF apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na residência do diretor durante a operação de busca e apreensão realizada em endereços dele, em Brasília.
Em nota, a Abin informou que o software de espionagem investigado pela PF deixou de ser utilizado em maio de 2021 e que, desde fevereiro de 2023, há uma investigação interna sobre irregularidades no uso desse programa.