Uma audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, em 30 de maio, celebrou a existência de “sobreoferta gigantesca” de energia elétrica no Brasil, mas a festa pode ser razão mais de preocupação do que de comemoração.
Uma análise feita pelo diretor do Instituto Ilumina, Roberto D’Araújo, mostra que aquilo que o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, chama de sobreoferta é uma subdemanda de mais de sete anos. Explica D’Araújo:
“A verdade é que, fruto de uma economia que não cresce e se desindustrializa, o consumo total de energia elétrica não aumenta mais como antigamente. Se até 2015 crescíamos uma média de 3,7% ao ano, desde então esse percentual caiu para 1,6%: menos da metade da taxa registrada no passado. Temos estoque porque não conseguimos usar.”
O diretor lembra ainda que capacidade instalada não define oferta. A maior participação de fontes renováveis intermitentes e de geração imprevisível mostra que essa sobreoferta não é garantia de segurança de abastecimento, nem de tarifa mais barata.