Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

MPF pede que governo não nomeie dentista sem experiência no Ibama

Andrea Godoy não tem qualquer formação ambiental para ser superintendente do Ibama, apontou MPF em documento enviado a ministérios

atualizado 06/06/2023 7:39

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Andrea Godoy, indicada para a superintendência do Ibama no Paraná Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) pediu que o governo Lula não coloque na chefia do Ibama no Paraná a advogada e dentista Andrea Godoy, que não tem formação ambiental. O documento foi enviado na última sexta-feira (2/6) ao Ministério do Meio Ambiente e à Casa Civil, onde corre um processo de indicação de Godoy.

O MPF no Paraná afirmou que Godoy não segue nenhuma das regras do Ibama para o cargo, e que a nomeação afronta os princípios da legalidade, impessoalidade e eficiência. Uma portaria publicada em março definiu que o superintendente do órgão precisa seguir um destes requisitos: experiência de quatro anos em áreas ligadas à atuação do Ibama; cargo de confiança no governo por quatro anos; título de especialista, mestre ou doutor em áreas ligadas à atuação do Ibama; ou cursos de liderança com pelo menos 120 horas.

O documento apontou que Godoy incluiu um curso em seu currículo no último dia 30, em busca de “afastar futuras alegações de desconhecimento da área” ambiental. Trata-se do curso virtual de 30 horas “Direito ambiental”, da Fundação Getulio Vargas. Segundo os procuradores, o curso só começa no próximo dia 15 e aborda “conceitos básicos de direito ambiental”.

Antes dessa inclusão de última hora, o currículo de Godoy não fazia nenhuma menção à área ambiental, em que atua o Ibama. Godoy é formada em direito, odontologia e administração, com especializações em direito de família e odontologia estética. Como advogada, não atuou em temas ligados ao meio ambiente, de acordo com o MPF.

Nas redes sociais, Andrea Godoy compartilhou fotos em que aparece no Palácio do Planalto e em ministérios no governo Lula. Também foi convidada para o jantar de posse de Lula no Itamaraty em janeiro.

Procurada, Andrea Godoy não respondeu. A Casa Civil e o Ministério do Meio Ambiente também não responderam. O espaço está aberto para manifestações.

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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018

Igo Estrela/Metrópoles
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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal

Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior

Fábio Vieira/Metrópoles
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo

Fábio Vieira/Metrópoles
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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais

Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais

Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente

Agência Brasil
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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil

Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica

Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500

Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

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Estudo do Ipam, divulgado em 2022, alerta que a tendência é o desmatamento crescer ainda mais na Amazônia caso sejam aprovados projetos de lei que estão em discussão no Congresso. Segundo o instituto, esses textos preveem a regularização de áreas desmatadas e atividade de exploração mineral em terras indígenas

Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
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