O encontro de Lula com lideranças da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), na semana passada, deixou claro ao presidente a dificuldade que o governo terá para conquistar o apoio de determinadas categorias para a reforma tributária.
O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, fez uma piada — com um fundo de verdade — durante a conversa com Lula. “Presidente, uma reforma tributária ampla só acontece com golpe ou revolução”, disse Nogueira, líder da FNP, segundo relatos de pessoas que estavam no Planalto.
A Frente representa as cidades com população superior a 80.000 pessoas e rechaça o fim do Imposto Sobre Serviços (ISS), uma das principais fontes de arrecadação para as prefeituras.
Lula fez um aceno aos prefeitos ao prestigiar a recondução da direção da FNP, na tarde desta terça-feira (14/3), em Brasília. Na ocasião, o petista disse que valoriza mais a atuação de “políticos competentes” do que de técnicos.
“Eu prefiro um político competente do que um técnico, porque o político entende um pouco de tudo e, muitas vezes, o técnico não entende de nada”, afirmou o presidente, em discurso na cerimônia.
Em fevereiro, o vice-presidente da FNP, Eduardo Paes, disse que o secretário extraordinário do Ministério da Fazenda para a Reforma Tributária, Bernard Appy, se portava como um “técnico autoritário” ao tratar do fim do ISS.
O governo quer aprovar a reforma tributária no plenário da Câmara dos Deputados entre junho e julho. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a votação no Senado poderá ocorrer entre setembro e outubro.
