Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

Documento do MPF contesta acusação de perícia considerada por Toffoli

Registros do Ministério Público Federal (MPF) enviados ao STF apontam que caminho das provas do caso Odebrecht foi monitorado

atualizado 18/09/2023 11:41

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MPF Bolsonaro fuzil Reprodução

Documentos do Ministério Público Federal (MPF) contestam a conclusão de uma perícia da defesa de Lula que embasou a decisão do ministro do STF Dias Toffoli, no último dia 6, ao anular as provas do acordo de leniência da Odebrecht. Registros do MPF apontaram que o caminho das provas foi monitorado e que os arquivos ficaram guardados em uma sala-cofre na Procuradoria-Geral da República (PGR).

No domingo (17/9), a coluna mostrou que a perícia contratada pela defesa de Lula afirmou que a Lava Jato cometeu falhas ao colher evidências dos crimes da empreiteira. O perito comparou a situação a uma investigação de estupro que usa como prova o material genético coletado pelo próprio estuprador, sem a presença de autoridades.

Os documentos do MPF obtidos pela coluna, que constam do mesmo processo no STF, trazem outro cenário.

Em fevereiro de 2018, registros da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise da PGR apontaram o acompanhamento da “recepção, cópia e armazenamento dos dados confidenciais” de dois sistemas da Odebrecht: Drousys e My Web Day B. As provas de ambos foram invalidadas por Toffoli neste mês.

Segundo o órgão, a cópia dos arquivos da empreiteira na Suécia foi feita por meio de uma ferramenta “amplamente utilizada” para manter os dados íntegros.

“Uso da ferramenta Forensic Toolkit (FTK) da Access Data2. A referida ferramenta é amplamente utilizada na realização de cópias forenses digitais e análises de materiais forenses para preservação da integridade dos dados”, afirmou o documento, assinado por Dalton Tavares, coordenador de Prospecção de Soluções Investigativas da Secretaria de Perícia da PGR, e Gilberto Mendes, assessor-chefe de Investigações Especiais da PGR.

Em outro trecho, o material citou que dois procuradores da Lava Jato receberam pessoalmente quatro HDs com os arquivos da Odebrecht em 23 de março de 2017. Cinco dias depois, esses dados foram protegidos por criptografia e enviados à PGR, por meio do procurador Daniel de Resende, então secretário de Pesquisa e Análise.

Dois dias depois, em 30 de março de 2017, a equipe da PGR fez cópia integral do material e preservou o original. Os arquivos foram, então, guardados em uma sala-cofre dentro da PGR. Em dezembro daquele ano, atendendo a uma decisão judicial, a PGR entregou dois HDs e um pendrive com os dados a peritos criminais federais escolhidos pela Justiça Federal.

A Odebrecht também detalhou o caminho das provas em documentos encaminhados ao MPF. Um deles, de dezembro de 2017, cita cartas de dois procuradores suíços abordando a coleta de dados pelas autoridades daquele país.

Em uma reunião na PGR em 14 de junho de 2017, servidores da PGR e funcionários da Odebrecht reafirmaram a integridade das provas entregues ao MPF.

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