Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

Braço-direito de Arthur Lira, assessora é conselheira da Codevasf

Mariângela Fialek, assessora do gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, foi a principal operadora do "orçamento secreto"

atualizado 18/03/2023 20:40

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Assessora de Arthur Lira e principal operadora das emendas de relator, conhecidas como orçamento secreto, a advogada Mariângela Fialek ocupa há quase dois anos o cargo de conselheira fiscal da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Fialek, conhecida na Câmara dos Deputados como Tuca, está lotada no gabinete do presidente Arthur Lira desde março de 2021. Antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir o orçamento secreto, Fialek detinha a planilha que controlava a distribuição das indicações entre os deputados.

Em períodos em que o governo liberava emendas, era comum ver filas de assessores parlamentares em frente à sua sala para tentar garantir que deputados fossem agraciados com recursos para suas bases eleitorais.

Hoje, mesmo sem emendas de relator e durante o governo Lula, ela ainda é a principal referência no Centrão como intermediária das negociações políticas com o Palácio do Planalto para liberação de verbas.

Em 15 de abril de 2021, logo após assumir o cargo como assessora, a advogada foi eleita conselheira fiscal da Codevasf. Sua indicação partiu do Ministério do Desenvolvimento Regional. Através do ministério, a Codevasf foi um dos destinos prediletos das emendas de relator.

No posto, Fialek tem, junto a outros conselheiros, o poder de fiscalizar contas e auditorias da companhia. Na última reunião, em 27 de fevereiro, por exemplo, o conselho analisou um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2021 que pedia a correção de irregularidades nos pregões realizados pela companhia para serviços de pavimentação.

As fiscalizações sobre a execução de emendas na Codevasf foram o principal ponto de atrito entre Lira e o Tribunal de Contas no governo Jair Bolsonaro. As auditorias levaram à paralisação temporária das obras, o que fez parlamentares a ameaçarem uma devassa nas contas do TCU.

Esse e outros assuntos sensíveis, como contratos da Codevasf, passaram por Mariângela Fialek, assessora de Lira com salário de R$ 21 mil na Câmara dos Deputados, nos últimos anos.

O conselho também tem a atribuição de denunciar irregularidades e analisar os balanços da companhia. A assessora de Arthur Lira, portanto, tinha a atribuição de fiscalizar a execução das emendas que, na outra ponta, ela ajudava a liberar junto ao Palácio do Planalto.

Em fevereiro de 2023, a remuneração de Mariângela como conselheira, por participar das reuniões, foi R$ 3,5 mil.

A coluna procurou a advogada e perguntou se não há conflito de interesses no exercício do cargo de conselheira fiscal, já que ela é uma das principais responsáveis por administrar emendas parlamentares na Câmara. Até a publicação desta reportagem, não houve resposta.

Arthur Lira, procurado através de sua assessoria, não respondeu.

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