Um publicidade da Brahma, estrelada pelos ex-jogadores Denilson e Vampeta, acabou repercutindo no exterior, reforçando a fama de “malandragem” dos jogadores brasileiros.
Muito já se falou sobre alguns dos nossos craques que, na véspera do Carnaval, dão “um migué” para poder aproveitar a folia no Brasil.
Em tempo: “dar um migué”, na linguagem do futebol ou no dicionário popular, significa inventar uma desculpa com a intenção de enrolar alguém. É o mesmo que enganar ou simular uma contusão, por exemplo.
“É fevereiro… Nessa época do ano aparece aquela fisgada…”, diz Denilson, caminhando e mancando.
Na propaganda da Brahma, Denilson e Vampeta insinuam claramente que estão no “Departamento Médico”, mas aproveitando o carnaval para encher a cara de cerveja no Carnaval.
Para todos los jugadores brasileros que justo se lesionan en época de carnaval.
Brahma habilitó un lugar especial en pleno Sambódromo, para que puedan recuperarse.
Entendieron todo.
— En Una Baldosa (@enunabaldosa) February 17, 2023
E o perfil espanhol @enunabaldosa, com mais de 400 mil seguidores no Twitter, foi em cima, reproduzindo o vídeo, com a seguinte legenda:
“Para todos os jogadores brasileiros que se machucam na época do carnaval. A Brahma montou um cantinho especial no meio do Sambódromo, para que eles possam se recuperar. Entenderam tudo”.
Lembra da Lei de Gerson?
Muitos já devem ter ouvido falar da “Lei de Gérson”. Pois essa propaganda da Brahma nos fez relembrar a velha história de “levar vantagem em tudo”.
A origem da famosa “Lei da Vantagem” remonta da metade da década de 1970, quando, numa propaganda do cigarros Vila Rica, o ex-jogador Gérson (atualmente comentarista de rádio no Rio) falava algo assim:
“É difícil dizer por que se gosta de um bom cigarro, certo? Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro. Nós temos que levar vantagem em tudo, certo?”
Sem querer, Gerson ficou estigmatizado por supostamente tentar levar vantagem em tudo. E já expressou a sua revolta por causa dessa indesejável fama que o persegue até hoje:
“Levaram para o lado pejorativo da coisa, de levar vantagem, passar a pessoa para trás. A minha vida foi dentro de um estádio de futebol com cento e tantas mil pessoas. Todo mundo conhece, tá certo? Isso aí não me prejudicou porque todo mundo que me conhece sabe quem eu sou. Mas pegou mal. Porque eu nunca passei ninguém para trás”, disse o Canhotinha de Ouro, atual comentarista de rádio.
Acho que Gerson – um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro – não merece ser acusado de nada, mas o fato é que vivemos em um país em que muitas vezes os valores se invertem, cidadãos imorais se tornam paladinos da moralidade, enquanto cidadãos de ilibada moral e reputação (como é o caso de Gerson), podem cair na vala comum.
Até herói vira bandido e vice-versa.
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