Patrick Abrahão está de volta a sua casa, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde mora com a esposa, a cantora Perlla, e tem voltado aos poucos a sua rotina. O empresário havia sido preso em outubro de 2022 na operação La Casa de Papel, que investigou um esquema de pirâmide financeira, e teve a prisão revogada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região no mês passado.
Com um novo visual e pensando em escrever um livro contando detalhes do que passou nos 10 meses em que ficou preso, Patrick bateu um papo exclusivo com esta coluna e adiantou alguns fatos que pretende divulgar. O empresário ainda aproveitou para criticar o sistema brasileiro, que chamou de “falho”, destacou o apoio que recebeu de Perlla durante todo o tempo e falou sobre o seu processo de readaptação à vida em liberdade.
“Teriam milhares de momentos e histórias, mas o que mais me chamou atenção nisso tudo foi como uma acusação mal feita e sem fundamentos, pode acabar com a vida de uma pessoa, mesmo que por alguns meses”, disse ele à coluna.
Confira a entrevista completa com Patrick Abrahão:
Como foi voltar para casa após a prisão?
Ter a minha vida de volta foi, sem dúvida alguma, a melhor sensação que já pude sentir. Chegar em casa foi muito libertador. Mas, ao mesmo tempo, estou me adaptando novamente, pois você fica naquela tensão de prisão. Tenho sonhos como se estivesse lá dentro, lembro de momentos conturbados que vivenciei… Mas os dias vão passando e aos poucos estou me readaptando a minha vida como era antes do cárcere.
Perlla chegou a te visitar? Se sim, como eram esses encontros? Se não, por quê não foi?
Minha esposa maravilhosa, me apoiou em todos os momentos e sempre mandava eu erguer a cabeça pois no momento certo iria acabar essa luta. Perlla escrevia cartas toda semana, estava em todas as visitas, posso resumir dizendo que “ela chorou comigo no momento em que eu chorei”. E isso deixou nosso casamento muito mais forte do que já era.
Perlla foi maravilhosa em todos os aspectos, mesmo! Muitas pessoas sempre julgaram nosso relacionamento, como se fosse uma estratégia de marketing para ambos… E nesses 10 meses ela esteve presente comigo em todos os momentos. Não faltava uma visita, andava quilômetros, com peso, sofrendo humilhações, deboches, mas em nenhum momento me abandonou. E sempre fazia questão de dizer que ela sabia quem eu era, e que na hora certa tudo acabaria e ela estaria me esperando.
Como foi o reencontro com Perlla, em casa? Já estão planejando aumentar a família?
Nosso reencontro foi perfeito, cheguei em casa tinha uma decoração como se fosse nossa lua de mel (risos). Estamos aproveitando cada detalhe, e eu sei que da mesma forma que eu sofri lá dentro, ela sofreu aqui de fora. Somos muito felizes e pretendemos, em breve, ter o nosso baby.
O que mudou no relacionamento de vocês após esse distanciamento forçado?
Nosso casamento ficou muito mais forte do que já era. A Perlla se mostrou exatamente tal como eu sempre imaginei. Uma mulher com quem eu quero viver o resto da minha vida. Ela estava ao meu lado em todos os momentos, me apoiando, quando muitos não acreditavam em mim. Esteve nas visitas, cozinhava o dia todo para levar um pouco da nossa casa para mim lá dentro, e sempre trazia uma palavra de conforto para me consolar diante de tudo o que estávamos vivendo.
Ter a Perlla em minha vida me fortaleceu e me deu uma certeza ainda maior sobre a escolha certa que fiz para minha esposa. Sobre a escolha que fizemos do nosso amor.
Você falou que vai escreveu um livro sobre o que passou na prisão e em todo o processo. Quais foram os principais problemas que você enfrentou lá dentro?
O primeiro ponto, sem dúvida, é sobre a injustiça em que se deu a minha prisão. Teriam milhares de momentos e histórias, mas o que mais me chamou atenção nisso tudo foi como uma acusação mal feita e sem fundamentos, pode acabar com a vida de uma pessoa, mesmo que por alguns meses. Temos um sistema muito falho, um sistema muito lento… Mas que graças a Deus, a minha família, aos meus advogados, estamos provando toda verdade. Agradeço as milhares de cartas que eu recebia semanalmente, de apoio, carinho e orações.
Uma das coisas mais difíceis pra mim dentro desses 10 meses foi realmente não poder me expressar, não poder encaixar todo esse quebra-cabeça . Eu só pude me expressar no último dia do meu sofrimento ali dentro, isso mexeu muito comigo, pois, cada dia que passava, menos esperança eu tinha que a verdade iria aparecer sobre cada fato.
Quanto à minha inocência, todas as noites quando eu me deitava, eu imaginava como seria o dia do meu interrogatório, as provas que eu tinha documentais, e tinha convicção que no dia que eu pudesse me expressar, esse pesadelo teria fim.
O tempo que passei dentro daquele local posso dizer que dei o meu melhor, ajudei pessoas, servi a Deus da mesma forma que eu fazia na rua, somei na vida de centenas de pessoas e cumpri o propósito de Deus em minha vida, naquele local.
As acusações feitas contra você são infundadas? Como você reagiu ao ser preso e conhecer os crimes dos quais estavam te acusando?
Sem dúvida nenhuma. Está provado que eu era apenas um dos milhares de investidores. Naquele momento, e agora, ainda estou no processo de entender tudo que aconteceu. Foram 10 meses que vivenciei coisas que jamais passou pela minha cabeça viver. Confesso que tenho diversos traumas e medo de ser acusado da forma que fui novamente. Mas em breve tudo será resolvido e bem esclarecido.
