O mês de setembro, que terminou no último sábado (30/9), tem uma representatividade muito grande para quem sofre com problemas psicológicos. Com a cor amarela como símbolo, os últimos 30 dias foram marcados por muitas ações de prevenção ao suicídio.
E, como uma pessoa que fez acompanhamento com profissionais para lutar contra uma depressão, Cara de Sapato bateu um papo exclusivo com a coluna e contou como foi essa “luta da vida real”.
Além de revelar como fez para superar os desafios das crises, o lutador e ex-BBB ainda falou sobre sua passagem pelo BBB23, os projetos profissionais dentro e fora do ringue e deu conselhos para os fãs que, porventura, possam estar enfrentando problemas como os dele.
Veja a entrevista completa:
Como ficou sua vida após a participação no BBB23?
Na verdade, em relação a minha rotina não mudou muita coisa. Continuo treinando e focado nas lutas. A diferença é que hoje tem mais gente acompanhando meu trabalho e há mais pessoas me apoiando. Acredito que na próxima luta vai ter muito mais gente torcendo e vibrando pela minha vitória.
Manteve contato com alguém do BBB23?
Mantive contato com muita gente. Tenho carinho por uma galera que conheci lá dentro e fiz muitas amizades. E esse era um dos objetivos lá, fazer amizades, porque eu amo conhecer pessoas novas — claro que é importante também zelar pelas amizades antigas!
Quem você considera seu amigo e quem você não quer contato de jeito nenhum?
Me dei bem com a maioria dos brothers, então não há nenhum com quem não teria nenhum tipo de contato, mas claro, há pessoas que me marcaram mais de uma forma positiva.
Participaria de outro reality?
No momento, não… Já participei de dois: já tinha sido campeão do TUF, em 2014, que foi um reality de lutadores. Depois, participei do Big Brother, que eu acho que é o maior que tem no Brasil. E, agora, é focar na minha carreira. Na verdade, fui para o BBB para aproveitar uma oportunidade, no momento que eu estava vindo de uma cirurgia e eu não iria conseguir competir. E, quando chegou o convite, decidimos juntar o útil ao agradável. Foi uma experiência incrível, mas agora acho que chega de reality pra mim (risos).
Está morando nos EUA ou no Brasil?
Estou morando nos Estados Unidos desde 2015. Tenho ido ao Brasil com mais frequência ultimamente porque sinto muita falta da família, dos amigos, do país em si. Mas, para meus treinos, aqui realmente é melhor. Então, optei por ficar pela América do Norte.
Já tem lutas programadas para os próximos meses? Como está a rotina de treinos?
Não tem nenhuma luta programada ainda. Estamos esperando a minha total recuperação de uma cirurgia. Então, a gente tem que entender os processos pra isso e ir aos poucos, mas estou voltando a treinar forte agora que estou sentindo que o joelho está respondendo bem. Minha rotina de treinamento é mais ou menos como era antes: tenho 2 treinos diários, de segunda a sexta-feira, e no sábado um treino só pela manhã para depois poder descansar, mas é algo que eu gosto muito. Estava sentindo muita falta disso. Eu gosto muito de rotina, então é natural pra mim.
Além do esporte, tem outros trabalhos? Se sim, quais?
Além da luta, tenho outros projetos. Estamos iniciando um canal no YouTube e também lançamos uma marca de suplementos, que estamos planejando lançar produto a produto. O primeiro foi o ‘Aura’, um suplemento à base de magnésio e vitaminas do complexo B — que ajudam na questão da ansiedade, do sono e da tensão. Tem sido muito legal ver o feedback sobre a marca de suplemento e ver que as pessoas estão usando. A marca se chama Upon Nutrition e a gente pretende lançar mais alguns produtos no próximo mês.
Como estão os planos para o futuro?
Eu pretendo seguir por muito tempo essa minha vida de atleta. É algo que realmente me preenche muito e eu estava sentindo falta. Então, meu foco agora é melhorar, ficar 100% do meu joelho, voltar ao ritmo de treinamento e poder voltar a lutar o quanto antes, para conquistar novos prêmios dentro do esporte.
Está namorando ou conhecendo alguém?
Não, não, estou solteiro! Na verdade, estou namorando com a academia, né, que é onde eu passo uma boa parte do tempo. Então, se tenho alguma relação muito forte é com a academia (risos).
Setembro foi o mês da prevenção ao suicídio, com a cor amarela como símbolo, como é sua luta diária contra depressão? Como é o seu tratamento?
É, na verdade, eu sofria assim com as crises de pânico. A de ansiedade é um pouco diferente da depressão, mas todos os transtornos psicológicos estão superinterligados e acaba existindo uma predisposição, principalmente em quem sofre muito com as crises de pânico. A internet tem desenvolvido também uma depressão, mas o que ajuda muito no tratamento, é claro, em primeiro lugar, ter acompanhamento de um profissional terapêutico e tentar manter uma rotina saudável. Eu, quando precisei de medicações, não demorei a buscar um psiquiatra.
Eu acho que é importante ter também alguns pilares: alimentação saudável, atividade física, que já é super inserida no dia dia e faz você conseguir ter uma boa noite de sono, as suplementações necessárias também me ajudaram bastante a vida social e são muito importantes. Eu também tenho muitos amigos que me ajudaram nisso. Nesse processo é fundamental ter pessoas com quem você pode contar. Também é muito importante beber água e tentar ser o mais positivo possível.
Em meio às crises de depressão, alguma vez você pensou em tentar contra sua vida?
Não, graças a Deus nunca cheguei a tentar contra minha vida. Eu sei que já tive muitos momentos difíceis e uma coisa que me alegra, sempre que estou em um momento de dificuldade, é lembrar que isso não é pra sempre, que vai passar e, que depois os momentos muito ruins serão substituídos por momentos muito bons. Então, isso acabou me dando esperanças. Se isso está acontecendo, realmente tem algo muito maior e melhor vindo, um momento de paz e de muita alegria.
Quais os conselhos que você dá para as pessoas que estão passando pelo mesmo quadro?
Um conselho que eu posso dar é você procurar bons profissionais que te ajudem nesse processo, um bom terapeuta e um psiquiatra também, quando necessário. Você tem que ver ali, junto com o seu terapeuta, a necessidade de algumas medicações e, às vezes, elas são necessárias. Não tem que ter nenhum estigma em relação a isso. Além de tudo isso, tem alguns pilares que, como eu falei acima, acho que são essenciais, como ter uma boa alimentação, fazer uma atividade física, se hidratar bem, dormir bem, ter boas noites de sono, que ajudam muito tanto na parte física como na parte mental e, inclusive, na parte química do nosso cérebro. Então, isso é essencial! Você ter um bom ciclo social, ter bons amigos, viver a vida real, sabe? O fato de ter amigos próximos e relações fortes me ajudou muito nesse processo e eu tenho certeza que esse é um pilar essencial para quem está passando por isso! Nunca se isole, nunca desista, nunca deixe de fazer as coisas, às vezes vai dar preguiça de sair da cama, do quarto, mas saia! Vá viver porque com certeza isso daí é um grande passo nesse processo contra qualquer quadro de transtorno psíquico.
