A inteligência artificial, por meio uso de redes neurais na abordagem conhecida como deep fake, juntou Elis Regina e Maria Rita soltando as vozes em um emocionante comercial da Volkswagen. A música Como Nossos Pais, da saudosa cantora brasileira, figurou entre os assuntos mais comentados nas redes sociais durante os últimos dias, gerando um debate que misturou opiniões e conceitos sobre publicidade e IA.
Tudo começou quando a AlmapBBDO, agência de publicidade da Volkswagen, recebeu da fabricante a missão de criar a campanha para celebrar as sete décadas de presença da marca alemã em solo brasileiro.
“Pensamos que era preciso algo que resgatasse o passado, pois nenhuma outra marca de carros tem esse poder de mexer com a nostalgia. Afinal, quem não tem alguma história ou alguma lembrança com um Fusca, uma Brasília, uma Kombi?”, declarou Marco Gianelli (o Pernil), chief creative officer (CCO) da AlmapBBDO.
Sob essa perspectiva, os criativos da agência também pensaram que, mais interessante do que construir um manifesto para a marca que celebrasse o passado e a expectativa de futuro, seria aproveitar uma letra que abordasse esse encontro de gerações.
Na visão do CCO, versos como “Viver é melhor que sonhar” e “O novo sempre vem” eram capazes de traduzir exatamente a mensagem que a marca gostaria de transmitir.
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Para isso, foi utilizada uma inteligência artificial que mapeou milhares de fotos e vídeos de Elis Regina. Todo esse banco de dados foi, posteriormente, aplicado sobre a imagem de uma atriz, que participou do comercial conduzindo a Kombi, mas que, nas cenas, ganhou as feições e o rosto da cantora, também a partir do trabalho de deep fake.
A produção do comercial foi realizada pela Boiler Filmes, com direção de cena de Dulcídio Caldeira. Já a produção musical ficou com a Raw Audio, com direção musical de Hilton Raw.
“Mostra um encontro tão emocionante quanto o longo caso de amor entre a Volks e os brasileiros. E também mostra que os próximos 70 anos já começam repletos de inovação”, conclui a empresa sobre o novo comercial.
A campanha publicitária conseguiu despertar um sentimento de nostalgia entre os brasileiros, tanto pelas cantoras quanto pelos próprios carros antigos. O encontro de gerações gerou repercussão e discussões, com algumas pessoas comparando o comercial a um episódio de Black Mirror, levantando questões sobre o uso da inteligência artificial para “reviver” lembranças ou pessoas.
Além disso, muitos chamaram a atenção para o uso comercial da imagem de Elis Regina, que fazia oposição à ditadura no país e recebeu apoio da empresa de automóveis, na época.
Independentemente das opiniões divergentes, o vídeo da Volkswagen teve grande sucesso nas redes sociais e alcançou milhares de visualizações em pouco tempo, com esse dueto inédito que, antes, só era possível na imaginação e, hoje, torna-se “real” graças a essa fantástica tecnologia.
(*) Caroline Kalil é consultora de direito digital, investidora de criptomoedas, colecionadora de NFTs com certificação em KYC Blockchain Professional pela Blockchain Council, e blockchain development pela Consensys, além de autora do e-book O Metaverso Simplificado. Ela tem MBA em criptoativos e blockchain.
