A rotina dos salões de beleza envolve um universo de peculiaridades que, nem sempre, são visíveis a olho nu. Estar diante de um cliente que reserva um horário para ser atendido — seja para cortar, pintar ou tratar o cabelo — é uma tarefa desafiadora e complexa. E é nesse cenário que o cabeleireiro Filipe Marcel Dutra enxerga a necessidade de ser totalmente transparente com cada cliente que senta em sua cadeira.
Para o profissional, quem frequenta salões de beleza acostuma-se com a ideia de “sair transformada” em um curto período de tempo. No entanto, o trabalho que um cabeleireiro envolve um processo mais longo.
“As pessoas são imediatistas. Elas olham uma foto de uma blogueira, por exemplo, e pedem para fazer algo igual no cabelo. Mas eu acabo ‘quebrando’ isso. Não trabalho com o que não vou entregar. Eu abaixo essa expectativa”, diz em entrevista à Coluna Claudia Meireles.
A questão é que, na percepção de Filipe, cada pessoa tem sua individualidade e características que a fazem ser única. Uma cor e corte de cabelo específicos pode não cair bem em determinado perfil, por diversas variáveis, como o tom da pele, o formato do rosto, entre outras.
“Há alguns cabeleireiros que elogiam demais, sugerem uma hidratação, enganam… Eu não faço isso. Eu não vendo ilusões”, frisa o profissional nascido em Marília (SP), que trabalhou em endereços famosos, como as unidades paulista e paranaense do Studio W. “Foi ali que eu aprendi a mexer com mercado de luxo”, relembra.
Atualmente, ele integra a sociedade do salão D Concept, que conta com operação em Brasília. “Eu não conhecia nada da cidade. Só sabia que era a capital do país. Coloquei no Google e, o que me atraiu, foi o fato de ser uma cidade supernova, cheia de possibilidades”, fala. Ao seu lado, tem um time de peso, como a colorista Aline Cruz.
Técnica Le Carbono
Após anos atuando na área — e adquirindo conhecimento nos estabelecimentos em que trabalhou —, Filipe idealizou a técnica Le Carbono, um método específico para mechas sem apagamento de raiz, sem tonalizante e com uso de pó descolorante sem amônia. “É uma técnica mais resistente. Eu entrego um cabelo mais duradouro”, descreve.
A criação do cabeleireiro é uma de suas marcas mais ilustres — faz sucesso entre as fiéis clientes e atrai, cada vez mais, um público que deseja realçar a beleza sem prejudicar a saúde das madeixas.
Sinceridade é o diferencial
Ao desembarcar na capital federal, o especialista em beleza notou que a mentalidade das clientes brasilienses ainda não estava preparada para o “Filipe sincero”. Conhecido pelo jeito autêntico, que não economiza nas opiniões transparentes e diretas, o cabeleireiro nem sempre agrada a todos. A máxima “a verdade dói” nunca fez tanto sentido para ele.
“Em 100% das minhas clientes, eu faço um teste de mecha que define tanto a textura e a saúde do fio quanto a cor, o contraste e até onde eu vou poder desfiar. Cerca de 70% delas não passam no teste na primeira vez. Eu não faço o trabalho sem, antes, cuidar e preparar o cabelo”, conta.
“Não tem como ter um cabelo bonito sem ele ser saudável. As pessoas acham normal quando os fios quebram depois de fazer mecha. Eu bato nessa tecla há mais de 10 anos: isso não é normal”, clama o expert.
De acordo com o especialista, para chegar lá é fundamental manter um acompanhamento e seguir orientações adaptadas para o tipo capilar e o objetivo de cada um. “Eu vou ensinar meu cliente a cuidar do cabelo em casa, a passar um óleo, a mantê-lo mais bonito no dia a dia, a escovar a franja ou a fazer um babyliss rápido”, exemplifica.
Para o profissional, querer “milagres” ao ir ao salão é como ir ao nutricionista e desejar sair mais magro logo na primeira consulta. “Aqui, você vem para fazer o cabelo, e quer sair maravilhosa logo de primeira. Mas tem todo um processo. O cabelo é uma matéria prima-muito delicada. Todos os dias você tem que cuidar dele, higienizar, passar um óleo. E a maioria das pessoas não faz isso, não tem essa rotina”, alega.
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