Carol Portes quebrou o silêncio e falou sobre o assédio que sofreu de Marcius Melhem, em 2014. Em entrevista ao Uol, a atriz contou que o humorista se convidou para tomar banho no flat dela, saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura e a beijou à força.
“Ele saiu de toalha e me… me beijou à força, e… enfim, eu me desvencilhei, e aí super constrangida. Bom, qualquer mulher já passou por isso, assim, de… desvencilhar, sabe? Ah, não, não, não… E aí eu: ‘Não, não, vamos, quero ir logo, vamos logo’. Tipo, vamos embora, né? Não vai rolar nada”, explicou a atriz.
O caso aconteceu em um flat que Carol estava hospedada no Rio de Janeiro. Eles iriam para uma festa no apartamento do ator Marcelo Adnet, que ficava no mesmo prédio. Melhem teria pedido para tomar um banho no flat de Carol antes da festa.
Esse relato de Carol também foi feito para a Ouvidoria da Mulher no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), em janeiro de 2020, e acabou sendo responsável pela abertura da investigação contra Melhem.
Após a resistência dela, Carol diz que ele a soltou e foi se vestir no quarto. A atriz conta que ele pediu que ela esperasse no apartamento e disse que ele iria para a festa sozinho primeiro.
“Eu fico sozinha e choro bastante, fiquei mal. Aí entra a coisa de a gente se culpar, né? Me culpei muito. Por que deixei isso acontecer? Fiquei com muita vergonha de mim mesma.”
Versão de Melhem
O caso aconteceu quando Melhem era idealizador, ator e redator final do programa Tá no Ar, da TV Globo. A atriz trabalhava na atração e era subordinada dele. Apesar da denúncia de Carol Portes, o ator nega as acusações.
Ele afirma que o beijo foi consensual e que durou “menos de cinco minutos numa noite.” A reportagem do Uol também expôs várias mensagens de cunho sexual que foram enviadas por Melhem para a atriz, entre 2014 e 2016, mas o ator afirma que foi apenas um flerte.
Novas investidas
Dois dias após o caso, Marcius Melhem voltou a procurar Carol Portes por mensagens e insinuou uma possível visita ao local em que a atriz estava hospedada, constrangendo-a novamente. Nos meses seguintes, é possível ver na troca de mensagens que o panorama se manteve.
Carol relata que se sentiu desconfortável, no ambiente de trabalho, desde o início. Segundo ela, Melhem a chamava de “gostosa”. Existiam toques indevidos e indesejados quando andava com o ex-chefe pelos estúdios da emissora.
“De a gente estar no corredor e… aí passar, assim, pegar a nossa mão e colocar no membro dele, assim, sabe? Meio rápido, assim? Aí falar: ‘Ah, eu fiz isso?'”, contou em entrevista ao Uol.
Além disso, revelou que se sentia desconfortável em dar carona para Melhem após as gravações. Como os pais dela têm um apartamento na Barra, a atriz diz que costumava descer na casa da família para evitar ir até o apart-hotel e fugir das possíveis investidas do ator.
Outras denúncias
A coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, trouxe o relato de quatro mulheres que acusam o humorista Marcius Melhem de assédio sexual. Além de sete testemunhas que romperam o silêncio e, a convite da coluna, decidiram mostrar seus rostos e dar a primeira entrevista sobre o caso.
Melhem foi denunciado em dezembro de 2019 pela atriz Dani Calabresa, ao compliance da TV Globo, onde ele era o diretor do núcleo de humor. Hoje, ele é investigado num inquérito policial aberto em 2020 pela Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro e processa Calabresa por danos morais.
Em março, a coluna Guilherme Amado publicou dois vídeos de uma reportagem especial sobre o caso Marcius Melhem. No primeiro, “Caso Marcius Melhem: elas falam”, você assiste à entrevista dada pelas atrizes Dani Calabresa, Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias, e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht.
Nas entrevistas, as atrizes e suas testemunhas expuseram detalhes dos supostos assédios. Segundo eles, Melhem teria a prática de mantê-las sob seu domínio, ora impedindo que elas participassem de novelas na Globo, ora fazendo com que não só as atrizes como diversos outros profissionais tivessem um permanente sentimento de dívida de gratidão com o chefe. O humorista teria ainda o hábito de contracenar encostando o pênis ereto em atrizes ou tentando forçar sua língua em beijos que deveriam ser técnicos.
