Yanomami no Senado: “Não podemos continuar sendo um zoológico humano”

Alberto Brazão é ex-presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), e participou da comissão no Senado sobre a crise Yanomami

atualizado 16/03/2023 12:04

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indígena yanomami em plenário do senado - metrópoles Reprodução/TV Senado

O indígena Yanomami Alberto Brazão, ex-presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), questionou, nesta quinta-feira (16/3), o direcionamento de recursos do governo federal a partir do Fundo Amazônia e de ONGs para a comunidade indígena em Roraima, após a tragédia humanitária na região.

Brazão nasceu em uma aldeia Yanomami, no Amazonas, e participou da Comissão do Senado Federal que apura a crise indígena representando o Condisi nesta manhã. Em discurso no plenário, ele cobrou sustentabilidade nas ações voltadas para os povos originários.

“Precisamos olhar o Yanomami com mais humanidade, é isso que falta. Não podemos continuar sendo um zoológico humano para o mundo, para as ONGs ficarem puxando verbas dos europeus para os Yanomamis”, declarou.

“Vemos o Fundo Amazônia. Várias verbas saindo do Fundo Amazônia em nome dos Yanomamis, e nada de ações. Cadê as escolas? As estruturas boas? Ainda por cima, existe o sistema, que é contra nós. O governo envia o medicamento, mas ele some na ponta”, prosseguiu.

Garimpeiros trocaram ouro por vacinas de Covid que eram destinadas a Yanomamis

Persistência do garimpo

Na fala, Brazão argumentou que o garimpo na região é um problema crônico, em razão da cooptação dos indígenas nativos pelos garimpeiros em troca de dinheiro. Ele defendeu a necessidade de medidas sustentáveis do governo, para garantir ensino, saúde e geração de renda aos integrantes da etnia, para que eles não fiquem reféns das propostas criminosas.

“O invasor não ficaria muito tempo na terra, se o próprio parente não cooperar com ele. Parente Yanomami é cooptado, é comprado – essa é a palavra certa”, alegou. “O que falta para o governo fazer? Vamos fazer projetos de autossustentabilidade para esse povo, roças coletivas”, sugeriu.

“Sabe quando o garimpo vai acabar? Eu, Yanomami, digo: nunca no território Yanomami. Porque o próprio parente indígena se favorece, se autobeneficia, lucra com aquela atividade ilegal”, denunciou.

Debate no Senado

O plenário do Senado Federal aprovou, em fevereiro, a criação de uma comissão externa para fiscalizar a retirada de garimpeiros do território indígena Yanomami, em Roraima. O objetivo é dar apoio às famílias que moram e trabalham na região legalmente, mas que estão sendo atingidas pelo fechamento do espaço aéreo.

De acordo com o governo federal, pelo menos 20 mil garimpeiros estavam instalados na região até o último sábado. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem afirmado que pretende retirar todos os trabalhadores que atuam de forma ilegal da região.

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