Deputados federais de Pernambuco têm se movimentado para conter uma alteração no texto da reforma tributária que pode acabar com a prorrogação dos incentivos fiscais a montadoras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O foco principal de preocupação da bancada é com o polo automotivo de Goiana, em Pernambuco.
Parlamentares apontam que lobistas de montadoras do Sul e do Sudeste, em especial de São Paulo, têm percorrido a Câmara dos Deputados para tentar retirar do texto prestes a ser votado de novo na Casa trecho que prorroga os benefícios até 2032.
A prorrogação havia sido barrada na Câmara em uma primeira votação, mas o texto foi alterado no Senado. Há receio de que a Câmara volte o trecho, que mantinha os benefícios só até 2025, e inclua apenas a cláusula que limita o incentivo para carros elétricos, o que resolveria a situação da produção na Bahia para conseguir apoio dos parlamentares do estado.
Um dos deputados que tem atuado para evitar a perda de incentivos fiscais do polo de Goiana é Augusto Coutinho (Republicanos-PE), vice-líder do bloco parlamentar MDB, PSD, Republicanos e Podemos.
“As montadoras do Sul e do Sudeste querem acabar com as montadoras do Nordeste. Tem um lobby grande de São Paulo para retirar os incentivos da região. O Nordeste já é a região mais pobre do país. O polo [de Goiana] gera 17 mil empregos. É um absurdo tentar acabar com isso, é uma indignidade trabalhar contra o desenvolvimento de uma região”, disse Augusto ao Metrópoles.
Na terça-feira (12), a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, mostrou que o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) chamou de “desonesto” o lobby das montadoras do Sul e do Sudeste.
“A não prorrogação dos incentivos vai atrapalhar projetos em andamento, retirar empregos e empreendimentos que buscam corrigir a dissonância econômica entre as regiões do Brasil. É desonesto esse lobby que está sendo realizado pelos corredores e gabinetes do Congresso”, afirmou à coluna.
Augusto Coutinho acrescentou que tem conversado com parlamentares de diversas regiões para evitar uma derrota quando a reforma for ao plenário, mas pontuou que o lobby tem sido intenso.