O Ministério Público do Rio de Janeiro teve acesso a mensagens em áudio trocadas entre a deputada estadual Lucinha (PSD-RJ) a um integrante da milícia comandada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que atua na Zona Oeste da capital fluminense. O diálogo aconteceu entre a parlamentar e o miliciano Domício Barbosa de Souza, que é apontado pela polícia como responsável financeiro do grupo criminoso.
Os áudios foram divulgados pelo jornal RJ2, da Globo. Segundo a reportagem, em mensagens trocadas em 2021, Lucinha pergunta ao miliciano sobre como uma medida da Prefeitura do Rio poderia impactar nos negócios do grupo criminoso e tenta saber o que era melhor para a milícia em dos pontos mais lucrativos do grupo criminoso: o transporte alternativo. A deputada tenta saber se a milícia é a favor ou contra a liberação de vans da Zona Norte rodarem na Zona Oeste, onde o grupo atua.
A deputada é investigada por suspeita de favorecimento à mílicia e suspeita de ser o braço político do grupo criminoso. Ela nega.
Investigação
As investigações da Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público, apontam que a milícia considerava boa a medida do município, para que a permissão de vans da Zona Norte também funcionasse na Zona Oeste. Dessa forma, a quadrilha lucraria mais com extorsões.
Dom: “Se o prefeito acabar com a P5 já era. Os carros legalizados vão ter que voltar para as linhas de origem. Tem muito carro lá da Zona Norte rodando aqui.”
Lucinha: “Isso na hora ‘h’ eu fiquei meio em dúvida entendeu, Dom? (…) Se isso é bom ou se isso é ruim. (…) É ruim van da Zona Norte rodar na área da Zona Oeste? Eu entendi que o cara falou então. Queria que você me explicasse.”
P.5 no diálogo significa ap5, ou seja, Área de Planejamento 5, que é como a prefeitura classifica administrativamente a parte da Zona Oeste do Rio, segundo divisão feita em 2012 pelo Instituto Pereira Passos.
