Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta sexta-feira (28/7), o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, anunciou que as negociações em torno do Tratado de Itaipu começam no próximo dia 13 de agosto. Lula e Peña conversaram por mais de duas horas no Palácio da Alvorada.
“Falamos também do acordo de Itaipu, que vai começar a negociação 13 de agosto. A intenção é ter uma visão geral, qual o papel que Itaipu vai cumprir nos próximos 50 anos. Já sabemos o que aconteceu no últimos 50 anos. Depois de assinado o acordo, a Itaipu foi construída, operada, a dívida foi paga e hoje temos o desafio de pensar de maneira ambiciosa juntos para os próximos 50 anos. Pensamos que papel da Itaipu tem que ser geradora de energia e de desenvolvimento para Paraguai e Brasil”, disse Peña.
“Hoje eu vejo com muito otimismo porque os paraguaios e brasileiros sonharam grande 50 anos atrás e hoje temos que sonhar de volta grande, sonho que [no] Paraguai e Brasil não tem que ficar gente com fome, sem estudo, sem trabalho. Temos que criar as condições para saúde, educação e emprego. E isso requer investimento. A visão é gerar recursos para os próximos anos. É a melhor estratégia para os países”, completou o presidente.
É a segunda vez que o líder recém-eleito visita o Brasil. Em agosto, Lula deve ir à posse de Peña – no dia 15 -, que, apesar de já ter assumido o cargo, ainda não teve assunção.
Tema recorrente
O Acordo de Itaipu faz 50 anos em 2023 e deve ser revisto, pois a obra já se pagou. Os dois países têm direito a 50% cada da energia produzida, mas o Brasil usa muito mais e compra esse excedente do Paraguai.
Peña quer que o Brasil concorde em rediscutir o valor pago por essa energia excedente, que é menor do que o pago pelo mercado aberto. Os paraguaios também gostariam de usar uma parcela maior da energia e também poder vender sua parte excedente livremente no mercado.
Em sua fala, Peña afirmou que o Paraguai não está buscando uma política “rentista”, mas “desenvolvimentista”.
“O Paraguai não está buscando política rentista, está buscando uma política desenvolvimentista. O Paraguai quer desenvolver seu país, o Paraguai tem muita gente jovem que quer trabalhar, então hoje estamos buscando política econômica que vai gerar emprego. A ideia não é mudar emprego do Brasil para o Paraguai, a ideia é que todo emprego feito fora do Mercosul venha para Brasil ou Paraguai e temos que trabalhar juntos em como gerar que essa essa energia seja oportunidade para gerar emprego”, disse.