Lula: Brasil e Argentina trabalham em “financiamento abrangente”

Ideia discutida é que seja criado um financiamento às empresas brasileiras que exportam para a Argentina. BNDES deve financiar crédito

atualizado 26/06/2023 21:18

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Hugo Barreto/Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (26/6) que Brasil e Argentina estão trabalhando na criação de uma linha de financiamento “abrangente” das exportações brasileiras para o país vizinho.

Lula deu a declaração ao lado de Alberto Fernández, presidente da Argentina, antes de almoço oferecido pelo governo brasileiro à delegação argentina, no Palácio Itamaraty. O argentino está no Brasil para uma visita oficial. Mais cedo, Lula e Fernández se reuniram, no Palácio do Planalto, para uma conversa bilateral.

A ideia atualmente discutida entre os dois países é que seja criado uma espécie de “crédito de exportação”, um financiamento às empresas brasileiras que vendem para empresas argentinas importadoras de serviços e mercadorias do Brasil.

“Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós, não. Todo mundo tem a ganhar: as empresas e os trabalhadores brasileiros, e os consumidores argentinos”, disse Lula.

Em sua fala, o presidente brasileiro disse ainda que é preciso “maior integração financeira” entre os dois países.

“Precisamos avançar nessa direção, com novas e criativas soluções que permitam maior integração financeira e facilitem nossas trocas. Entre as opções, está a adoção de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, afirmou o petista.

Como funcionaria a linha de crédito

Segundo o governo brasileiro, cerca de 210 empresas brasileiras exportam para a Argentina. O país é um dos principais parceiros econômicos do Brasil, ficando atrás apenas de China e Estados Unidos.

No ano passado, as exportações do Brasil para o país vizinho somaram R$ 15,3 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

A expectativa é de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie a linha de crédito. Nessa hipótese, o BNDES repassa os recursos para a empresa brasileira que vai exportar seus produtos ou recursos. Caso a Argentina não pague o empréstimo, o Fundo de Garantia à Exportação assume o valor devido.

Gasoduto Néstor Kirchner

Ao discursar ao lado de Fernández, Lula também se disse “muito satisfeito” com as “perspectivas” de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção do gasoduto Néstor Kirchner, que ligará o campo de gás Vaca Muerta, em Neuquén, à localidade de Salliqueló, na província de Buenos Aires.

“Hoje adotamos um ambicioso plano de ação para o relançamento da aliança estratégica. São quase 100 ações que dão concretude ao nosso projeto conjunto de desenvolvimento. Fico muito satisfeito com as perspectivas positivas de financiamento do BNDES à exportação de produtos para a construção do gasoduto Néstor Kirchner”, declarou Lula.

Crise econômica argentina

A Argentina enfrenta uma grave crise econômica. O dólar, por exemplo, tem registrado recordes em comparação ao peso, moeda argentina, que está desvalorizado. A inflação anual do país ultrapassa os 100%, maior percentual em 30 anos.

Recentemente, Alberto Fernández anunciou que não vai se candidatar à reeleição. A base governista anunciou Sergio Massa, atual ministro da Economia da Argentina, como pré-candidato.

Ao lado de Lula, o argentino agradeceu o apoio do governo brasileiro no período de crise financeira. “Quando o amigo está com problemas, o que faz aquele que está com problemas? Pede ajuda para os amigos. E os amigos sempre estão aí”, disse Fernández a Lula.

Nesta segunda, durante cerimônia organizada pelo governo do Brasil, Lula condecorou Fernández com o grande colar da Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros. Já primeira-dama argentina, Fabiola Yáñez, recebeu a Ordem do Rio Branco, outra condecoração oferecida pelo governo brasileiro.

Plano de ações

Após o encontro entre Lula e Fernández, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou o “Plano de Ação para o Relançamento da Aliança Estratégica” entre Brasil e Argentina, que marca os 200 anos de relação entre os dois países.

O plano (veja a íntegra aqui) lista 100 ações que os dois governos tentarão implementar nos próximos anos, como a linha de financiamento de exportações brasileiras mencionada por Lula.

Entre os principais pontos, estão:

  • estruturar e decidir sobre operação de crédito para financiar as exportações de produtos brasileiros para a construção do Gasoduto Presidente Néstor Kirchner;
  • estudar alternativas para a estruturação de uma linha de crédito para a exportação de produtos brasileiros para a Argentina;
  • estruturar e decidir sobre operação de crédito para financiar a exportação de blindados Guaranis;
  • dar continuidade ao apoio brasileiro aos legítimos direitos da Argentina na disputa de soberania com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte em relação às Malvinas, Ilhas Geórgia do Sul e Sanduích do Sul;
  • implementar o projeto “Fortalecimento da vigilância epidemiológica para a detecção antecipada de riscos à saúde pública”; e
  • acordar plano de trabalho com ações coordenadas e/ou conjuntas para a prevenção e o combate do racismo, da xenofobia e formas correlatas de discriminação no ambiente esportivo.

Lula e Fernández

Lula e Alberto Fernández são aliados políticos. Das cinco vezes em que os dois presidentes se encontraram apenas neste ano, quatro foram no Brasil e apenas uma na Argentina.

Fernández, por exemplo, esteve na posse de Lula, em 1º de janeiro deste ano, e visitou o aliado quando o petista estava preso em Curitiba (PR), em razão de uma condenação na Operação Lava Jato.

Ainda em janeiro, o brasileiro escolheu o país vizinho como destino de sua primeira viagem internacional do ano.

Em maio, os dois líderes sul-americanos se encontraram no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente brasileiro, para tratar sobre o financiamento de importações brasileiras e a situação econômica da Argentina.

Também em maio, Lula convidou o argentino para voltar a Brasília a fim de participar de um encontro com outros presidentes da América do Sul.

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