Lira: “Não faço a defesa do malfeito, quem faz errado deve pagar”

Reeleito presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) subiu o tom contra golpistas e defendeu pacificação dos Poderes

atualizado 01/02/2023 20:50

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imagem colorida de Arthur Lira - Metrópoles Igo Estrela/Metrópoles

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) adotou, em seu primeiro discurso como presidente reeleito da Câmara dos Deputados, um tom em defesa da democracia e de delimitação da atuação dos Poderes. Na ocasião, mirou apoiadores extremistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e agirá com o “rigor da lei” contra “aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro”.

Lira afirmou que as eleições para presidências da Câmara e do Senado, além da reabertura dos trabalhos do Judiciário e da atuação do Executivo, são a “prova do funcionamento pleno da nossa democracia”.

“É a prova de que o Brasil é uma democracia madura, preparada e feita por uma ampla maioria de pessoas que luta e defende a liberdade, o direito ao contraditório, à esperança num futuro de prosperidade e da melhoria da vida do povo brasileiro”, prosseguiu.

O deputado disse, ainda, que “não é a baderna de alguns atacando a democracia materialmente que irá tirar sua presença da vida e do espírito dos brasileiros”. “Aos vândalos e instrumentadores do caos eu afirmo: no Brasil, nenhum regime político irá prosperar fora a democracia. Jamais haverá um Brasil sem eleições livres e representantes escolhidos pelo voto popular, jamais haverá um Brasil sem liberdade”, destacou.

“O Brasil diverso, multicultural, só é possível porque ele é democrático. Neste Brasil não há mais espaço para aqueles que atentam contra os Poderes que simbolizam nossa democracia. Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar terá neste Parlamento a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei”, enfatizou o deputado.

Segundo Lira, é preciso que os políticos façam uma autocrítica e que o processo de criminalização dela “abalou a representatividade de diversas instituições”. “Transformaram denúncias em verdadeiras execuções públicas, empresas foram destruídas, empregos foram ceifados, reputações foram jogadas na lata do lixo. O estopim para um clima hostil em relação à política. Não faço a defesa do malfeito, quem faz errado deve pagar”, disse, referindo-se à Operação Lava-Jato.

O presidente reeleito da Câmara destacou que não irá tolerar ameaças à democracia. “Não devemos mais tolerar que presidentes, parlamentares, ministros, dirigentes políticos ou qualquer cidadão sejam ameaçados nem física nem virtualmente por radicais seja qual for sua vertente ideológica, apenas por divergência de opiniões”, disse.

Reconhecimento aos rivais

Lira enfrentou a concorrência d0 deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ) e de Marcel Van Hattem (Novo-RS). Os concorrentes tiveram, respectivamente, 21 e 19 votos na eleição. Cinco deputados não registraram os votos ou votaram em branco. Ele destacou a ação dos concorrentes. “Cada candidato demonstrou suas posições, pensamentos divergentes, sempre no campo das ideias”, disse.

“Mais do que um reconhecimento, o resultado desta eleição é a demonstração concreta de que na boa política é possível divergir, debater, mas no final construir consensos, decidir e atuar sempre em prol do Brasil. A celeridade sempre foi precedida da boa discussão”, completou Lira.

O atual presidente da Câmara obteve 464 votos – número recorde na eleição da Câmara dos Deputados. Com o resultado, o presidente da Câmara superou o desempenho dos ex-deputados Ibsen Pinheiro e João Paulo Cunha, que conseguiram 434 votos na disputa para a Presidência. O ex-presidente Michel Temer também conseguiu mais de 400 votos na disputa pelo comando da Mesa.

Lembrança ao pai

O presidente da Câmara iniciou o discurso lembrando do pai, o ex-deputado federal Benedito de Lira, que esteve presente na cerimônia de posse dos parlamentares eleitos, mas passou mal e precisou ser socorrido por profissionais da Casa. Em razão do ocorrido, a sessão de posse foi suspensa por alguns minutos.

“Diferente da eleição passada n poderia iniciar minha fala, que na passada teve meu pai, e que hoje não pode aqui estar presente, mas onde ele está ele vai ficar bem e vai voltar logo”, afirmou, visivelmente emocionado. “Ele é muito querido pelos deputados e senadores antigos e alguns dizem que poderia ser o único a me derrotar aqui neste plenário e eu perderia com muita honra”, acrescentou.

Favoritismo confirmado

Dias antes da eleição, Lira já era dado nos corredores da Câmara como o vencedor da corrida para a Presidência. O favoritismo do alagoano se deve à capacidade de articulação, tendo iniciado as conversas com os parlamentares eleitos logo após o primeiro turno das eleições federais, em outubro do ano passado. Desde então, o deputado está em negociação direta com as bancadas, ampliando apoio e consolidando sua força no comando da Casa.

Lira chegou para a eleição como deputado federal mais votado da história do estado de Alagoas. No pleito para Presidência da Câmara, o alagoano também sonhava com uma votação recorde. Para isso, construiu uma rede de apoio capaz de unir siglas opostas e adversárias como o PT e PL, além das bancadas do PP, PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Mais Brasil (fusão PTB e Patriota), Pros, PCdoB, PV, PSB e União Brasil.

Com esta composição, o deputado venceu com folga, obtendo mais do que os 257 dos 513 votos necessários para vencer ainda em primeiro turno.

Dança das cadeiras

Vencida a etapa da eleição, Lira se voltará agora a cumprir os acordos costurados para a composição da Mesa Diretora da Casa e para o comando das comissões temáticas permanentes.

Uma possibilidade ventilada pelo presidente da Câmara trata da ampliação, de 25 para 30, o número de comissões temáticas permanentes da Casa. Desta forma, o deputado conseguirá alocar os parlamentares que o ajudarem na recondução do cargo e ter mais espaço para negociações na Casa, além da livre distribuição de cargos.

Os aliados afirmam que serão, a princípio, cinco comissões menores, já que os colegiados são compostos por deputados de acordo com a proporcionalidade partidária. Assim, o deputado atrairia siglas pequenas que não conseguem posição de destaque na Câmara por não terem deputados suficientes.

Há, ainda, a disputa pelo controle de colegiados tidos como os mais importantes da Casa: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a Comissão Mista de Orçamento (CMO). Os postos são pleiteados por legendas como PT, que representa o governo, e PL, que concentrará a maior bancada da Câmara e representa o principal ator da oposição ao governo Lula. O Centrão, representado na figura do PP e União Brasil, também querem a cadeira.

No que diz respeito à composição da Mesa Diretora, as negociações indicam que as 1ª e 2ª vice-presidências ficariam com o Republicanos, enquanto a 1ª secretária permaneceria com o União Brasil. As 2ª, 3ª e 4ª secretárias pertenceriam ao PT, MDB e PSD, respectivamente.

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