Líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA) deu sinalizações positivas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar, em entrevista à GloboNews, defendeu a necessidade de mudanças no governo para azeitar a relação com o parlamento e a atuação conjunta do Palácio do Planalto com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
A despeito da especulação de uma reforma ministerial para contemplar a bancada do União Brasil na Câmara, Elmar negou pensar em assumir um ministério no governo Lula neste momento. O deputado considera “ter mais a contribuir” na Casa Baixa do que na Esplanada. Apesar disso, o baiano defendeu a reconfiguração.
O deputado afirma querer contribuir com o governo e aponta que o Planalto não pode tê-lo como adversário. “Todas as pautas que entendemos como positivas para o país, apoiaremos. (…) O Congresso tem perfil reformista”, destacou.
Isso ocorre após, em encontro com Lula, o presidente ter reconhecido “erro” pelo PT vetá-lo a integrar a Esplanada e prometido melhor tratamento à bancada do União Brasil na Câmara.
A possibilidade de uma reforma ministerial é ventilada desde meados de maio, como mostrou o Metrópoles em primeira mão. A discussão ganhou força, porém, quando o governo chegou perto de perder a estrutura ministerial, com possível derrota da MP nº 1.154/2023.
“Quem gosta dele [do presidente Lula] precisa opinar pela ampliação da sua base. Arthur Lira é a maior liderança da Casa. Sozinho, tem o poder de definir a pauta e com dezenas de deputados dispostos a ajudá-lo”, disse Elmar Nascimento. Em seguida, ele chamou o aliado alagoano de “Pelé” da Câmara.
O deputado, porém, foi lembrado de que Lula é considerado o “Pelé” da política e foi questionado se há espaço para os dois na articulação política. Como resposta, Elmar reforçou a necessidade de Lira e Lula jogarem juntos para o governo evitar derrotas na Câmara e conseguir tocar sua pauta na Casa.
“Quando Lula chama pra si a articulação, sempre ele resolve. Na Casa, tem alguém que entende o funcionamento. Todas as vezes que Lira quis fazer uma entrega, o governo viu o resultado”, comentou.
Elmar, um dos nomes mais próximos a Arthur Lira, é cotado, junto com Marcos Pereira (Republicanos-SP), como um dos possíveis sucessores do alagoano na Presidência da Câmara. O deputado, porém, desconversa sobre o assunto.
“Só o fato de estar sendo cotado é gratificante. Mas, quem colocar o nome agora, será queimado rapidamente. Isso depende de fatores, de várias circunstâncias”, comentou.
Sufoco do governo na Câmara
O governo de Lula fechou a semana com vitória significativa no Congresso Nacional, após conseguir a aprovação da medida provisória que reestrutura a máquina da administração federal, a chamada MP da Esplanada.
No entanto, o resultado positivo, no caso da Câmara dos Deputados, onde a medida teve mais resistência, custou caro. O Planalto teve de liberar emendas parlamentares e sinalizar liberação de cargos e até possíveis mudanças em ministérios, além de prometer alterar a relação institucional com o Parlamento.
A semana foi repleta de transtornos para o governo Lula no Congresso. Houve derrota com a aprovação do Marco Temporal na Câmara e o risco iminente de o Executivo ver a estrutura de ministérios ser desmontada caso a MP da Esplanada caducasse.
