Caso Marielle: governo brasileiro interferiu em veiculação na Europa

Segundo dados obtidos por LAI, pelo SBT News, seis embaixadores enviaram aos jornais europeus ofícios falando sobre o caso Marielle

atualizado 18/02/2023 10:40

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Palácio do Itamaraty, na Esplanada dos Ministérios. Vê-se em primeiro plano o lago e ao fundo o prédio - Metrópoles. Ministério das Relações Exteriores do Brasil Rafaela Felicciano/Metrópoles

O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu diretamente na veiculação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em jornais europeus. Resposta obtida por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), pelo SBT News, mostrou que seis embaixadores de países europeus enviaram a veículos de imprensa ofícios informando sobre o caso.

A ação do Itamaraty, segundo informação obtida pelo SBT, mirava veículos de comunicação europeus que associavam a imagem de Bolsonaro ao crime ocorrido em 14 de março de 2018. Até hoje, o caso segue sem respostas.

No total, foram enviados seis telegramas, entre 2019 e 2020, de embaixadas brasileiras em países como Alemanha, França, Itália, Suíça, Cuba e Jamaica. Bolsonaro havia decretado sigilo de 100 anos sobre as informações, mas a Controladoria-Geral da União (CGU) retirou a determinação.

Nos conteúdos, havia considerações sobre as matérias jornalísticas do caso Marielle e repúdio a algumas delas.

Em um dos casos, o embaixador do Brasil em Roma, Hélio Vitor Ramos Filho, enviou uma carta de repúdio ao diretor do jornal La Repubblica pela reportagem “Brasile, ucciso il killer che sapeva tutto sull’omicidio di Marielle Franco” (Brasil: morto o assassino que sabia tudo sobre o homicídio de Marielle Franco).

No texto, a jornalista fala sobre a ligação do clã Bolsonaro ao miliciano Adriano da Nóbrega, morto em 9 de fevereiro de 2020, em uma operação policial na Bahia. O indício, no entanto, já havia sido descoberto por investigadores brasileiros.

Veja o que diz o trecho da reportagem:

“Uma investigação perigosa para a família de Jair e para o próprio presidente. Um entrelaçamento de relações e amizades que pode chegar até o Planalto, abrindo caminho também para as conexões entre política e crime, entre lideranças locais e milícias. Entre instigadores e autores do assassinato de Marielle Franco. Melhor fechar o jogo. Com três tiros que silenciam uma importante testemunha. Mas desconfortável”, diz a reportagem do jornalista Daniele Mastrogiacomo.

Em resposta, o embaixador Hélio Vitor disse: “A matéria, em particular seu último parágrafo, faz ilações difamatórias e infundadas, baseadas em suposições incomprovadas, tendo por objetivo exclusivo levantar suspeitas sobre a honra do (então) presidente da República Jair Bolsonaro, eleito democraticamente pelo povo brasileiro”.

Caso Marielle

Marielle Franco (PSol), então vereadora do Rio de Janeiro, e o motorista dela, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março de 2018, e a investigação nunca foi concluída.

Só acabaram presos os supostos executores do crime, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Eles jamais foram denunciados à Justiça.

Em setembro de 2022, a Justiça do Rio negou recurso e manteve as prisões dos dois. Na decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio, ainda criticou os “sucessivos” apelos por liberdade.

“Mantenho, por ora, as prisões preventivas, com base nos fundamentos já lançados na sentença de pronúncia (Pasta nº 6167), destacando que a demora na prestação jurisdicional se dá por iniciativa da defesa, que interpôs sucessivos recursos em face da decisão de pronúncia, devendo arcar com o ônus da demora, não causada pela máquina judiciária”, diz um trecho da sentença.

Na cerimônia de posse, no início de janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, defendeu a federalização da investigação, negada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2020.

Anielle Franco, irmã de Marielle, é ministra da Igualdade Racial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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