Na segunda-feira (19/6), às vésperas do início da quarta reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, almoçou com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. O encontro ocorreu em um restaurante em Brasília, e não constava na agenda oficial das autoridades, que foi atualizada posteriormente.
O Metrópoles apurou que o ministro da Fazenda está cada vez mais incomodado com a falta de sinalização de Campos Neto sobre a possibilidade de queda dos juros.
Nesta terça (20/6) e quarta-feira (21/6), o Copom se reúne para definir a taxa básica de juros da economia, a Selic. A expectativa é que a taxa seja mantida em 13,75% ao ano.
O mercado espera que o primeiro corte na Selic só venha em agosto. Analistas do mercado financeiro consultados pelo BC no Relatório Focus divulgado nesta semana projetam que a Selic vai terminar 2023 em 12,25% ao ano. O último boletim focus trouxe uma redução na estimativa de inflação para este ano, de 5,42% para 5,12%.
Pouco antes de seguir para o almoço, o ministro foi perguntado por jornalistas sobre a previsão do mercado de corte da Selic em agosto.
Haddad respondeu: “Para mim, deveria ter sido em março”. Em seguida, completou: “Vamos ver, vamos aguardar”.
Haddad tem feito coro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a redução da Selic. Também na segunda, o petista disse que a taxa “precisa baixar” e “não tem explicação”.
Além disso, o governo entende que os indicadores mostram um horizonte melhor para a economia, com o texto do novo marco fiscal prestes a ser votado no Senado, avanço do PIB, aumento da entrada de recursos estrangeiros.
A equipe econômica argumenta que os números positivos têm relação com as medidas adotadas desde o início do ano pela equipe econômica.
O titular da Fazenda tem relação cordial com o presidente do BC e os dois se reúnem com certa frequência. Segundo levantamento das agendas de Haddad feita por Metrópoles, os dois já tiveram seis reuniões entre janeiro e meados de junho. O almoço desta segunda é o sétimo encontro entre eles.
Copom volta a se reunir nesta semana
Na última reunião do Copom, em maio, a Selic foi mantida em 13,75% ao ano. O colegiado volta a se reunir nesta semana para definir a taxa de juros. A maioria dos analistas aposta na manutenção da Selic no patamar atual, mas projeta o início da queda dos juros a partir de agosto.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando a Selic está alta, os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito também ficam mais altos, o que desestimula o consumo e favorece a queda da inflação. Por outro lado, quando a Selic baixa, tomar dinheiro emprestado fica mais barato, já que os juros cobrados nessas operações ficam menores, estimulando o consumo.