O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta quarta-feira (18/10), em comissão no Senado, que o Brasil “não poupará esforços” para conseguir criar um corredor humanitário na Faixa de Gaza e permitir a saída de civis da zona de guerra entre o grupo extremista armado Hamas e Israel. O país sofreu atentado terrorista do grupo islâmico no último dia 7 de outubro e declarou guerra.
Mais cedo, em entrevista coletiva no Itamaraty, Vieira lamentou o veto à proposta brasileira para uma resolução sobre o conflito entre Israel e o Hamas em reunião no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), com um cessar-fogo imediato. Agora no Senado, ele frisou que a proposta tinha como principal objetivo o corredor humanitário.
“Preocupa-nos, também, o risco de transbordamento do conflito para países da região onde igualmente residem milhares de Brasileiros”, disse. Existem atualmente, segundo o ministro, cerca de 50 brasileiros na Faixa de Gaza, e milhares em Israel.
“Defendemos que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas, pedimos a Israel o cessar do bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. Destacamos a urgência de um cessar-fogo humanitário e exortamos as partes a respeitarem o direito humanitário internacional”, frisou.
Mauro Vieira afirmou que é “inadmissível” a continuidade dos ataques à infraestrutura civil, como ocorreu na última terça-feira (17) em um hospital na Faixa de Gaza, que resultou na morte de cerca de 500 pessoas.
O ministro afirmou que o Brasil possui compromissos históricos com Israel, e também com a “legítima aspiração do povo palestino de construir seu próprio estado”.
“É nosso dever e prioridade atender a ambos o mais rapidamente possível”, disse. Nesta quarta-feira (18/10), o ministro retorna a Nova York para continuar com as discussões no Conselho de Segurança da ONU.
A oposição no Congresso Nacional tem cobrado do Brasil uma postura mais firme contra o grupo Hamas, pedindo para que o governo passe a chamá-lo de grupo terrorista.
Mauro Vieira voltou a ser questionado sobre a questão durante a audiência na Comissão de Relações Exteriores no Senado, e repetiu uma justificativa que tem sendo usada, de que o Brasil segue sempre o entendimento do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que ainda não chama o grupo de terrorista.
“Sobre declarar o Hamas uma organização terrorista ou não, foge, no momento, à nossa política, porque declaramos os países ou organizações ou pessoas que são designadas como tal pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que é o órgão encarregado por velar pela paz e segurança internacional. O Conselho não classificou o Hamas como organização terrorista. Portanto, o Brasil segue essa orientação”, disse.