Enviada especial a Dubai* – O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta segunda-feira (4/12) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não sabe da proposta de criação de uma subsidiária da petroleira na Arábia Saudita, “porque nem tudo que está em estudo na Petrobras o presidente da República sabe”.
O chefe da estatal afirmou, no último sábado (2/12), que estudava a viabilidade de estabelecer uma subsidiária da petroleira no Golfo, a Petrobras Arábia, em entrevista à Bloomberg. Lula foi questionado pela imprensa, durante visita a Dubai para a COP28, no domingo (3/12) e, surpreso, afirmou não saber desses planos.
Lula ainda disse que “a cabeça do Prates é muito fértil”.
Nesta segunda, Prates foi questionado pela imprensa após evento sobre transição energética no setor de transportes, no Pavilhão do Brasil na COP28, e afirmou que o presidente não é informado de todas as propostas em estudo na Petrobras.
“São níveis diferentes de hierarquia, mas ele tanto sabia que a gente estava falando de investimentos cruzados que discursou um dia antes na Arábia Saudita, falando de investimentos cruzados da Arábia Saudita no Brasil em fertilizantes, que é exatamente isso”, declarou.
O chefe da petroleira afirmou ainda que a eventual criação da subsidiária na Arábia teria como foco o mercado de fertilizantes, e não o de petróleo.
“Não tem nada a ver com petróleo. Não tem absolutamente nenhum sentido imaginar que a gente vai colocar uma empresa aqui para fazer perfuração para explorar petróleo na Arábia Saudita”, frisou Prates.
“Não houve anúncio oficial de nada. O dia que tiver que anunciar uma subsidiária, é o presidente Lula quem vai fazer esse anúncio”.
Petrobras e Opep+
A repercussão da proposta de criar uma filial da Petrobras na Arábia Saudita foi intensificada também porque ocorreu no dia em que o presidente Lula confirmou que o Brasil irá integrar como aliado a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+).
A declaração do petista ocorreu durante a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP28), e foi considerada um “retrocesso” por ambientalistas. A avaliação é que o discurso do presidente na conferência não se reflete em ações efetivas para a transição energética no Brasil.
