A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) teve os trabalhos iniciados nesta terça-feira (23/5) sob acusações entre governistas e oposição na Câmara dos Deputados. Sob a presidência do deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) e relatoria de Ricardo Salles (PL-SP), a comissão também é motivo de preocupação do governo.
Em troca de farpas, o deputado Éder Mauro (PL-PA) acusou o movimento sem terra de abrigar “marginais” e “bandidos”.
“Ela [a comissão] está apurando situações de um grupo que não é um movimento social, mas um movimento de marginais que invadem, quebram e põem fogo em sedes de fazendas”, disse.
Na mesma linha de Mauro, o deputado Capitão Alden (PL-BA) afirmou que o MST era “terrorista”.
“É um movimento terrorista, nós vamos provar isso. Não é possível que produtores rurais pequenos, médios e grandes tenham suas propriedades invadidas, tendo os seus respectivos direitos cerceados de comercializar e sobreviver na área. Nessa investigação vamos trazer outros elementos que vão corroborar que digam que de fato o MST é um movimento terrorista”, afirmou Alden.
Confusão
Os parlamentares foram retrucados por governistas, que afirmaram que “marginal é quem defende torturador”. Bolsonarista, o deputado Mauro teve uma ação arquivada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal por tortura, em 2016. Segundo o processo, atos de violência física e mental teriam sido cometidos contra um suspeito de tráfico de drogas e sua família.
Deputados alinhados com o governo também criticaram o plano de trabalho apresentado pelo relator Ricardo Salles (PL-SP). O texto afirma que a CPI tem por objetivo investigar “a invasão de propriedade, depredação de patrimônio público e privado e crimes correlatos”. Segundo deputados da base, no entanto, não há “objeto” a ser investigado.
Os parlamentares da oposição apostam que o colegiado possa alcançar deputados de esquerda próximos aos sem-terra. A aposta da oposição na CPI, formada quase que exclusivamente por ruralistas, é que a comissão deve encontrar digitais de políticos de esquerda no financiamento ao MST.
Membros da CPI sustentam que as associações que financiam o grupo recebem dinheiro de emendas de parlamentares, o que, para a oposição, pode complicar deputados e senadores que apoiam o movimento.