Os ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que tiveram os perfis de WhatsApp “clonados” por um grupo de estelionatários alvo de busca e apreensão em Recife (PE) e João Pessoa (PB), na manhã desta terça-feira (7/11), pedem rigor na apuração da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O Metrópoles falou com ao menos quatro dos seis ministros afetados pelo golpe, que pedem a devida punição da quadrilha.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ressaltou ter ficado aliviado com as investigações.
“Fico aliviado em saber que essa quadrilha vai parar de extorquir as pessoas usando meu nome e dos colegas. E que sejam devidamente punidos pelos crimes que vinham praticando nos últimos meses. Lamento profundamente pelas pessoas que foram vítimas desses golpistas”, analisou.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse ao Metrópoles que vai pedir “maiores detalhes de toda essa situação e avaliar o que deve ser feito”. Já Carlos Lupi (ao lado de Lula na foto principal), da Previdência Social, agradeceu a atuação da Polícia Civil do DF. “Quero agradecer a atuação da PCDF e espero que todos sejam julgados e condenados”.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que foi vítima do delito de falsa identidade em três momentos distintos. “Ao tomar conhecimento da situação, a Consultoria Jurídica do Ministério dos Transportes representou junto à Polícia Federal e informou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a apresentação de três notícias-crime, solicitando a devida investigação dos fatos. A operação desta terça-feira (7) também é resultado destas manifestações, realizadas entre maio e julho de 2023”, informou.
Até o momento, foram identificadas como vítimas do grupo criminoso, entre outras autoridades, os ministros:
- Jucelino Filho (Ministério das Comunicações);
- Camilo Santana (Ministério da Educação);
- Renan Filho (Ministério dos Transportes);
- Rui Costa (Casa Civil);
- Luiz Marinho (Ministério do Trabalho);
- Carlos Lupi (Ministério da Previdência Social).
A Operação Alto Escalão foi deflagrada por agentes da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), em Brasília. Segundo a investigação, a quadrilha enganava as vítimas se passando por autoridades do primeiro escalão do Poder Executivo do país “clonando” perfis de WhatsApp, usando suas imagens, nomes e informações colhidas em fontes abertas.
Com esse modo de agir, os autores entravam em contato com diretores e presidentes de órgãos públicos e privados e solicitavam uma ajuda em alguma situação.
Geralmente com o pretexto de ajudar terceiras pessoas, os falsos ministros contatavam as vítimas e lhes pediam que realizassem transferências via Pix para alguma pessoa necessitada.
Usando o nome de ministros
Os autores diziam que os ministros não poderiam transferir diretamente, pois não tinham condições de vincular seu some a tal pessoa e que depois de feito o pagamento solicitado, eles ressarciriam a vítima.
Em um dos casos, se passando por um ministro de Estado, os autores contataram o presidente de uma associação comercial sediada no interior de São Paulo, dizendo que estava com uma demanda na cidade vizinha.
Em seguida, diz que uma pessoa ligada a ele morreu em tal local e que precisa passar alguns recursos financeiros para a família, mas não estava conseguindo efetivar a transação financeira e pede para que alguém da associação faça por ele, dizendo que em seguida o pessoal dele faria o ressarcimento.
Os autores tinham conhecimento da agenda das autoridades públicas pelos quais se passavam, pois detalhavam os compromissos dos ministros na região que aplicavam os golpes.
Denúncia
Os fatos passaram a ser apurados pela 5ª DP, após alguns dos Ministros de Estado vítimas terem procurado a delegacia para comunicar a prática de crimes usando os seus nomes.
Após 6 meses de investigação, os policiais com o auxílio operacional das polícias civis de Pernambuco e da Paraíba, além de informações de gabinetes de alguns ministros que tiveram suas imagens e nomes utilizados indevidamente, conseguiram identificar dez integrantes do grupo criminoso, todos residentes nos estados de Pernambuco e Paraíba.
Na operação deflagrada nesta terça-feira (7/11), foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em Recife (PE) e um em João Pessoa (PB), nos endereços residenciais dos investigados, para colheita de novas provas e informações para o aprofundamento da investigação.
Os policiais ainda tentam identificar o número de vítimas enganadas e de autoridades públicas utilizadas pelo grupo criminoso, como também quantificar o total de lucro obtido com os crimes perpetrados e o destino dado a tais valores.