Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram queda de 31% nos primeiros cinco meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os novos resultados foram divulgados durante coletiva de imprensa no Ministério do Meio Ambiente nesta quarta-feira (7/6).
Segundo os alertas do Inpe, foram destruídos 812 quilômetros quadrados de floresta da Amazônia em maio, uma queda de 10% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram subtraídos 900 quilômetros quadrados de área preservada.
Os municípios que concentram o maior percentual de alertas de desmatamento entre janeiro e maio deste ano são: Feliz Natal (MT), Apui (AM), Altamira (PA), Porto Velho (RO) e Labrea (AM).
Os dados foram apresentados pelo secretário executivo do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que declarou aos jornalistas que os números de queda na Amazônia são positivos, uma vez que durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a destruição da floresta teve um acumulado de 54% no segundo semestre de 2022.
Por outro lado, o ministério reforça que trabalha para tentar conter o avanço da destruição no bioma. Entre as medidas adotadas está a amplificação da fiscalização realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), como aumento de multas e embargos em áreas de desmatamento ilegal.
Apesar da queda do desmatamento na Amazônia, a gerente de conservação do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, ressalta que os números ainda estão altos.
“A Amazônia tem mais um mês com redução de desmatamento, mas os números estão ainda em patamar muito alto. É importante que as ações de controle bem como as iniciativas de desenvolvimento sustentável ganhem mais força”, afirmou Mariana Napolitano.
Desmatamento no Cerrado
Apesar do bom resultado na Amazônia, o Cerrado ainda apresenta altos índices de alertas de desmatamento no acumulado do ano. Segundo dados do Deter, foram registrados 3.532 quilômetros quadrados de área desmatada entre janeiro e maio deste ano, um aumento de 35% em relação ao mesmo período de 2022.
Somente em maio deste ano foram registrados alertas de desmatamento em 1.326 quilômetros quadrados, um crescimento de 83% em comparação com mesmo mês do ano anterior.
A expectativa do secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, André Lima, é de que a maior parte dos alertas de desmatamento registrados no Cerrado tenham sido autorizados pelos órgãos competentes.
“Nossa estimativa é que mais da metade [do desmatamento no Cerrado] tenha sido autorizada pelos órgãos ambientais estaduais”, declarou André Lima.
Os municípios que registram o maior percentual de alertas de desmatamento no acumulado de 2023 são: São Desidério (BA), Jaborandi (BA), Balsas (MA), Barreiras (MA) e Cocos (BA).
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) vê com alento a redução no desmatamento na Amazônia, mas demonstra preocuoação com o aumento na destruição do Cerrado.
“É necessário olhar de forma mais minuciosa para o bioma [Cerrado], que é berço das águas e que vem sendo duramente atacado por ações criminosas e tem sua área desmatada num ritmo acelerado”, destacou o Ipam por meio de nota.
Na mesma linha, o diretor de restauração e conservação do WWF-Brasil, Edegar de Oliveira, ressalta a necessidade de atividades mais concentradas no Cerrada para impedir o avanço da destruição do bioma.
“Maio trouxe números animadores para a Amazônia, mas uma destruição sem precedente para o Cerrado, bioma que é fortemente pressionado pelas atividades agrícolas e indispensável para o regime de chuvas do país. Esperamos que assim como a Amazônia, essa região receba mais proteção e iniciativas como o PPCerrado [Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado]”, disse Edegar de Oliveira.
Também participaram da coletiva a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt. Acompanhe a coletiva completa: