Jovens de garimpo em terra Yanomami se prostituíam mesmo menstruadas

Duas garotas, de 17 e 19 anos, vítimas de prostituição em garimpo de Roraima, tinham que fazer programa mesmo quando estavam menstruadas

atualizado 20/03/2023 14:36

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Divulgação PF

A Polícia Federal (PF) interceptou um barco com duas jovens vítimas de exploração sexual em Walopali, na terra indígena Yanomami, em garimpo de Roraima. As duas garotas, de 17 e 19 anos, foram encaminhadas para a sede da PF em Boa Vista, onde informaram que passavam por uma rotina exaustiva em um cabaré da região, incluindo a realização de programas mesmo quando estavam menstruadas.

De acordo com o depoimento das vítimas resgatadas, o esquema recruta diferentes mulheres do estado por meio de redes sociais na internet.

Nos primeiros contatos, o informante utiliza um perfil falso para prometer ganhos irreais em ouro pelos serviços no cabaré, mas, após concordar com o acordo, as aliciadas se deparam com gastos com moradia, transporte, internet e até preservativo.

No caso das jovens encontradas em Walopali, um horário restrito era estabelecido para alimentação, e o serviço só interrompia quando o último cliente saísse da casa.

“Elas viviam em condições bastante precárias. Eram obrigadas, inclusive, a fazer programa no período em que estavam menstruadas. Eram obrigadas a até colocar um tampão para esconder a menstruação, e também eram impedidas de sair enquanto não quitassem a dívida, que só aumentava. Então era, assim, quase uma situação de escravidão o que elas viviam lá”, detalhou o delegado Marco Bontempo, em entrevista à Rede Amazônica.

Cárcere privado e dívidas acumuladas

Quando chegavam ao cabaré, as jovens tinham seus pertences interceptados e guardados, para evitar tentativas de fuga ou denúncia. Sem receber qualquer quantia pelos serviços sexuais prestados, seja em dinheiro ou em ouro, a dívida pela moradia e pelo transporte só aumentava, o que tornava ainda mais difícil sair da situação.

“Não chegaram a receber nada no período que estavam lá. A dívida, na verdade, só aumentou porque era praticamente impagável. Elas tinham que custear a alimentação, a estadia. Então, é praticamente impossível [sair de lá]”, destacou o delegado.

As buscas por vítimas de exploração sexual na terra indígena já haviam encontrado uma outra adolescente de 15 anos. Em depoimento ao Conselho Tutelar, a menina relatou que chegou a realizar 16 programas por noite, durante período de 30 dias em uma área de garimpo intensivo.

No último sábado (18/3), a Polícia Federal prendeu duas irmãs que participavam do esquema de recrutamento, responsável por levar a adolescente de 15 anos até Walopali. O marido de uma das suspeitas e uma outra mulher, ambos envolvidos no caso de exploração sexual, estão foragidos.

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