Investigados em ação contra Jordy atuaram em bloqueios de rodovias

Além do deputado federal, nove pessoas aparecem em manifestação da PGR e foram alvo da 24ª fase da Operação Lesa Pátria

atualizado 19/01/2024 13:21

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Carros e caminhões parados em bloqueios de caminhoneiros em Várzea Grande no Mato Grosso - Metrópoles Ednilson Aguiar/Especial Metrópoles

Os investigados na 24ª fase da Operação Lesa Pátria atuaram em bloqueios de rodovias após as eleições de 2022. Representação da Polícia Federal que levou às buscas e apreensões traz indícios de que, além do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), nove indivíduos atuaram ativamente para planejar, financiar e incitar os bloqueios no trânsito ocorridos após o resultado do pleito e os atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023.

O documento subscrito pelo delegado de Polícia Federal Vinícius Barancelli, que levou à aprovação de mandados de busca e apreensão domiciliar contra 10 pessoas, mostra que o início das apurações se deu com bloqueios de rodovias, além dos acampamentos nos arredores de quartéis das Forças Armadas.

Em 1º de novembro de 2022, dois dias após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL), foi confirmado bloqueio na BR-101, Km 70. As lideranças, segundo a PF, seriam um homem com codinome “Jorjão” e uma mulher não identificada. “Além de organizarem o evento, ambos estariam providenciando insumos alimentícios aos manifestantes”, detalhou a autoridade policial.

Liderança

Eles também atuaram em outra manifestação, em frente ao Batalhão do Exército em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Foi identificado que “Jorjão” era Jorge Luiz Garcia, que, juntamente com Daniel Pessanha Batista, seriam organizadores dos bloqueios na BR-101.

Pessanha convocou por meio de suas redes sociais e postou vídeos, que, segundo a PF, “denotaram sua liderança nas manifestações antidemocráticas, consubstanciada em golpe de Estado por intervenção das Forças Armadas”.

Com esses elementos, foi aberto o inquérito para investigar materialidade e autoria dos bloqueios das rodovias.

Dados de telefonia móvel

Após esses primeiros indícios, foram oficiadas as operadoras de telefonia móvel para que fornecessem os dados cadastrais e os números dos terminais telefônicos de Jorjão, Pessanha e uma terceira pessoa: Vera Lúcia Graciano.

Nos dias posteriores, a polícia recebeu informações a respeito de outros envolvidos. Foram identificados como participantes dos movimentos Roberto Henrique de Souza Júnior; Carlos Victor de Carvalho, o CVC; e Elizângela Cunha Pimentel Braga. Entre eles, CVC era investigado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.

CVC havia sido identificado como forte liderança nos grupos de extrema direita em Campos dos Goytacazes, sendo considerado “organizador” dos eventos nos arredores do Batalhão do Exército da cidade, com fortes ligações com Carlos Jordy.

Foi pelas investigações contra CVC que se identificou a atuação do deputado Jordy, “que transpassa o vínculo político, vindo denotar-se que o parlamentar além de orientar tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”, dizem as investigações.

CVC mandou a seguinte mensagem para Jordy: “Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”.

Caravanas

“Quelzinha”, com nome de registro de Raquel Nunes Barboza, atuou como organizadora de ônibus para participação nos atos antidemocráticos em Brasília. Ela e Daniel Pessanha, o que organizou bloqueios no Rio de Janeiro, conversavam sobre como prover alimentos e insumos aos manifestantes.

José Maria Matar usou seu canal no YouTube para propagar notícias falsas e incitar publicamente a prática de crimes, especificamente os ocorridos em 8 de janeiro e os atentados contra policiais federais realizados pelo ex-deputado federal Roberto Jeferson. Ele também estava no grupo de Pessanha.

Direita Campos Oficial 2

No grupo “Direita Campos Oficial 2”, Luiz Eduardo Campos de Oliveira convoca o fechamento de rodovias, com o nome de um caminhoneiro para ajudar.

A pessoa de codinome “Cap Bm André Dentista” também ajudou a fornecer alimentos aos manifestantes que bloquearam a BR-101 em Campos dos Goytacazes.

Charles Adriano Siqueira de Souza, vulgo Charles Piu-Piu, divulgou em suas redes o valor arrecadado entre os bombeiros militares. O homem também convocou paralisação das rodovias.

“O negócio tá grande”

Lúcia Maria Caxias dos Santos, a “Lúcia Banerj”, e “Júnior Bombeiro” também atuavam nas redes sociais para recrutar participantes para o 8/1. Diálogos captados pela investigação apontam que Lúcia “participou ativamente nos acampamentos em frente ao quartel do Exército, em Brasília”. Veja:

“O que reputa-se mais grave e que leva-se a crer que Lúcia efetivamente estava presente nos atos do dia 8 de janeiro é sua conversa com ‘Júnior’, cujo áudio em transcrição diz:

‘Oi, Júnior. Tudo bem? Com certeza, meu filho, com certeza. E eu vou presa a qualquer momento (risos). Porque eu tô no meio do pessoal organizando. Pessoal do agro lá de Goiânia, dos arredores de Brasília e tudo. O agro botou aí um apoio aí pra três mil ônibus. Não sei como que eles vão sair. Pessoal tá combinando de chegar diversos horários assim pra não, né? Tem gente que vai chegar de madrugada, tem gente que vai chegar… mas o negócio tá grande. O negócio tá grande, tá? Tá bonito’.”

Crimes

Todos estão “no inquérito pela suspeita de crimes contra o Estado Democrático de Direito, consubstanciados nos atos de tentar, com emprego de grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais, bem como os crimes de incitação pública de animosidade entre as Forças Armadas contra os poderes constitucionais”.

Durante a ação, policiais federais fizeram buscas em endereços ligados aos investigados, entre eles, o gabinete do político na Câmara dos Deputados e endereços do Distrito Federal e Rio de Janeiro.

No total, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro (8) e no Distrito Federal (2).

Veja os nomes dos citados na investigação:

  • Carlos Jordy
  • André Luis Santos Carneiro
  • Charles Adriano Siqueira de Souza
  • José Maria Mattar
  • Juliana Machado da Silva Ribeiro
  • Leonardo Loureiro Ferraz
  • Lucia Maria Caxias dos Santos
  • Luiz Eduardo Campos de Oliveira
  • Neide Mara Gomes Palmeira
  • Raquel Nunes Barbosa
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