Goiânia – A jornalista goiana Catherine Moraes, de 32 anos, tomou um grande susto nesta semana ao descobrir fotos suas sendo vinculadas a uma plataforma de conteúdo adulto. Ela denuncia um novo golpe. Criminosos pegaram as fotos dela, criaram um perfil falso e ofereceram conteúdo, em tom erótico.
O link feito pelo criminosos leva a um falso site de conteúdo adulto e lá, após o redirecionamento, o interessado deve fazer um cadastro em que são solicitados os dados do cartão de crédito e aí se dá o golpe: venda de informações.
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Catherine conta que descobriu o golpe na terça-feira (7/2), depois que um amigo recebeu a solicitação do perfil falso. “Eu recebi uma ligação e uma mensagem pelo WhatsApp de um amigo me perguntando se eu tinha criado um perfil novo no Instagram. Disse que não, ele afirmou que tinha bloqueado, denunciado e me mandou o print. Começaram a adicionar meus amigos homens, mas recebi dezenas de ligações questionando”, diz a jornalista.
“Eles [os criminosos] bloqueiam o perfil real. Como trabalho como social mídia, abri por outro perfil. Quando eu abri, vi que era um perfil com minha foto e nos stories tinha uma foto minha, com link para um site adulto e um texto dizendo que eu estava começando a divulgar as imagens e em seguida, um vídeo com um peito”, detalha ela.
Inicialmente, é oferecida uma assinatura sem custos para os interessados no conteúdo. No entanto, também são disponibilizados pacotes por 3 ou 6 meses.
Mais vítimas
Ao Metrópoles, Catherine contou que inicialmente procurou a Delegacia de Crimes Cibernéticos. No local, foi informada de que aproximadamente outras 10 vítimas tinham ido à delegacia pelo mesmo golpe. Porém, o caso foi registrado no 4º DP de Goiânia, envolvendo uso falso de identidade.
“No boletim tem o nome do perfil, o link do site e afins, mas a sensação é de que não há um rastreio por parte da polícia. Senti que o boletim me protegeria caso houvesse um processo, por exemplo, envolvendo cartões de crédito e o golpe, mas não no sentido de retirar as coisas do ar. A orientação da delegacia foi: se não sair do ar, volte. Compartilhei a situação em diversos grupos, as pessoas denunciaram e depois disso tanto o perfil como o site foram desativados”, conta.
Ainda de acordo com Catherine, o falso site simula o Privacy, um portal verdadeiro, no entanto, o link disponibilizado pelos criminosos é falso. A jornalista denunciou a situação também para a plataforma de conteúdo adulto, que respondeu por meio de nota. “Infelizmente estamos sendo vítimas assim como você dessa fraude, pois estão indevidamente utilizando a nossa marca”, disse o Privacy.
Segundo ela, também denunciou o Wix, plataforma em que o falso site estava hospedado.
“Não é esquecido”
Catherine contou ainda que tentou não ficar muito chateada e se sentiu feliz pelo cuidado e apoio dos amigos, no entanto, chama a atenção para o impacto que uma situação como a que ela viveu pode ter na vida de uma pessoa. “Minha foto lá no perfil do site e uma bunda bem na capa. Eu fiquei pensando em como seria fácil destruir uma vida, sabe? Se o corpo que estava nos stories se parecesse com o meu, ou se as fotos fossem parecidas comigo, muita gente poderia acreditar que era, mesmo que eu jurasse que não. Isso não é esquecido… esfria, mas não se esquece”, reforça a jornalista.
“Eu fiquei péssima, chorei, fiquei bem mal, mesmo. Muitas meninas me mandaram mensagem falando que tinham passado pelo mesmo, que amigas tinham passado pelo mesmo. Eu tenho um perfil aberto no Instagram com ferramentas de empresa. Uso muito da vida rotineira, mas em relações de trabalho. Vi em muitos comentários de redes sociais e coisas sobre o golpe de gente falando que Instagram deveria ser fechado, é meio como responsabilizar a vítima pelo crime. O fato do perfil ser aberto não dá o direito de ninguém usar uma foto ou cometer um crime assim”, conclui a profissional.
A vítima do golpe disse ainda que ficou frustrada com a sensação de descaso da polícia. “Eu não tinha aberto o site porque fiquei com medo de clicar no link e ser vírus. Então, minha preocupação era o Instagram cair. Quando fui à delegacia, senti impotência e quase um descaso, sabe? Eu sei que crimes virtuais são complexos, mas a sensação de que a polícia não faria nada, foi bem frustrante. Daí uma amiga entrou no link e me mandou o print. Existia um site, mais de 400 curtidas (ou fakes, não sei) e lá o @ do meu Instagram era o correto”.
Curiosidade
De acordo com o advogado Ricardo Leal, o novo golpe tem como objetivo enganar as pessoas por meio da curiosidade, já que são usadas fotos de pessoas de ciclos sociais próximos para chamar a atenção.
“Estão sendo criados perfis fakes de pessoas que estejam no seu ciclo social, com promessa de conteúdo adulto ou qualquer coisa nesse mesmo sentido. Justamente, para ganhar na curiosidade, fazer as pessoas clicarem no link e cair no golpe. Aí que é o pulo do gato, para acessar a plataforma, é necessário cadastrar o cartão de crédito, suas informações vão ser vendidas e aí você já caiu no golpe”, diz ele.
