CPI analisa e-mails em que Cid negocia venda de Rolex dado a Bolsonaro por sauditas

Em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, durante visita à Arábia Saudita, um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário

atualizado 05/08/2023 11:39

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Exército Mauro Cid CPMI do 8 de Janeiro O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), é ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito Hugo Barreto/Metrópoles

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro teve acesso a e-mails em que o tenente-coronel Mauro Cid negocia um relógio Rolex, de US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil), recebido em viagem oficial.

A informação foi divulgada nesta sexta-feira (4/8) pelo jornal O Globo e confirmada pelo Metrópoles. Em contato com a reportagem, a defesa de Cid afirmou que não tem como responder porque não recebeu esse material analisado pela CPMI.

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Joias entregues por Bolsonaro à União

Divulgação/Defesa Bolsonaro
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Estojo entregue ao ex-presidente Bolsonaro contendo kit com relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gol, anel e um masbaha rose gold, todos da marca suíça Chopard

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Presente: Arábia Saudita enviou joias de R$ 16 milhões a Michelle

Igo Estrela/Metrópoles e Divulgação
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Joias sauditas apreendidas no Aeroporto de Guarulhos com comitiva do presidente Jair Bolsonaro, em 2021

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Relógio da marca Rolex, similar ao recebido por Jair Bolsonaro: preço médio de R$ 340 mil

Reprodução

Segundo documentos obtidos pela CPMI, em 6 de junho de 2022, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro recebeu um e-mail, em inglês, com a seguinte mensagem: “Obrigado pelo interesse em vender seu Rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”.

“Quanto você espera receber por ele? O mercado de Rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza de que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”.

Os e-mails não revelam quem negociou com Cid. Segundo o relatório, à época, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro se correspondia com Maria Farani, que assessorava o Gabinete Adjunto de Informações de Bolsonaro. Ela deixou o governo em janeiro de 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse.

Mauro Cid teria, então, respondido que não tinha o certificado do Rolex, pois “foi um presente recebido durante uma viagem oficial”. Ele também afirmou que pretendia vender a peça por US$ 60 mil.

A origem das joias

Em outubro de 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, durante uma visita à Arábia Saudita, um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. No fim do ano passado, Mauro Cid tentou reaver os presentes, retidos pela Receita Federal após tentativa de entrar no país sem seguir os trâmites adequados no Fisco.

Em abril deste ano, Bolsonaro compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília para prestar esclarecimentos sobre os presentes da Arábia Saudita. Além de Bolsonaro, prestaram depoimento outras nove pessoas, cinco delas em Brasília e quatro em São Paulo. Um dos depoentes foi o tenente-coronel Mauro Cid.

Desde que o caso veio à tona, Bolsonaro nega irregularidades e afirma que os objetos foram cadastrados no acervo da Presidência da República.

Mauro Cid está preso desde maio e é investigado pela Polícia Federal por participar de um esquema de supostas fraudes no cartão de vacina e por manter conversas de teor golpista.

Os presentes recebidos da Arábia

Em outubro de 2021, uma comitiva do Ministério de Minas e Energia viajou à Arábia Saudita. Entre os servidores que compunham o grupo, estava o então chefe da pasta, ministro Bento Albuquerque. Na volta ao Brasil, a Receita Federal apreendeu um conjunto de joias que estava com o ajudante de ordens de Albuquerque, o militar Marcos André dos Santos Soeiro.

No pacote, havia um colar, brincos e outros objetos, agora avaliados pela PF em R$ 5 milhões.

Depois da apreensão, o governo Bolsonaro teria tentado reaver o pacote de joias pelo menos quatro vezes, por meio dos ministérios da Economia, de Minas e Energia, e de Relações Exteriores.

Na quarta movimentação para recuperar os objetos, realizada a três dias de Bolsonaro deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar a Guarulhos.

Bolsonaro também entrou em campo e chegou a enviar ofício ao gabinete da Receita Federal para solicitar que as joias fossem destinadas à Presidência da República. O documento foi assinado por Mauro Cid, ajudante de ordens e “faz-tudo” do ex-presidente.

Movimentação atípica

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou uma movimentação “atípica” e “incompatível” nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid.

De acordo com o Coaf, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) movimentou R$ 3,2 milhões em sete meses. As transações bancárias ocorreram entre 26 de junho de 2022 e 25 de janeiro de 2023.

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