A caixa de e-mails de um ajudante de ordens da Presidência da República pode conter mensagens no mínimo curiosas. O tenente-coronel Mauro Cid, que serviu ao presidente Jair Bolsonaro (PL), já recebeu até pedidos de fotos com o então chefe do Executivo federal.
Em menos de 24 horas, Cid respondeu ao servidor público Paulo Rogério, então com 49 anos, que pedia uma fotografia de Bolsonaro com o filho de 12 anos, em maio de 2022.
“Sou católico fervoroso, conservador e gostaria de fazer um pedido especial (não para mim) para o meu filho que fará aniversário de 13 anos (…) e que gostaria de tirar uma foto com o Presidente da República”, escreveu Paulo na mensagem.
Cid respondeu informando seu número de celular pessoal. “Pode me ligar e ajustamos”, escreveu na manhã de 13 de maio. A mensagem foi recebida e enviada do e-mail oficial da Presidência.
Mais tarde, Paulo enviou uma nova mensagem: “Meu filho vai ficar doido com essa notícia”.
Essa troca de mensagens faz parte dos e-mails dos ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro que foram enviados à CPI dos atos golpistas e obtidos pelo Metrópoles.
Urnas contestadas
Cid também enviou um e-mail com questionamentos sobre as urnas eletrônicas para o coronel Wagner Oliveira da Silva, escolhido como número dois da comissão do Ministério da Defesa que acompanhou a apuração dos votos das eleições de 2022.
No dia 21 de julho de 2022, em plena campanha eleitoral, Mauro Cid usou seu e-mail oficial da Presidência para enviar ao e-mail pessoal de Wagner Oliveira uma apresentação de PowerPoint com pontos a serem abordados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“As propostas das Forças Armadas consideradas essenciais para o pleito eleitoral de 2022”, diz o título da apresentação de PowerPoint de quatro páginas, com timbre do Ministério da Defesa em cada uma.
O documento elenca três tópicos com propostas para, supostamente, aperfeiçoar a segurança e transparência das urnas eletrônicas.
