Celso Amorim visita Kiev nesta 4ª após Lula criticar Ucrânia na guerra

Presidente Lula incomodou Ucrânia após dizer que nações ocidentais prolongavam conflito. Amorim fará trajeto de Macron e Biden pela Polônia

atualizado 09/05/2023 19:42

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O chefe da assessoria especial da Presidência, Celso Amorim, chega à Kiev, capital a Ucrânia, nesta quarta-feira (10/5). O enviado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será recebido pelo líder ucraniano Volodymyr Zelensky, para debater a proposta do mandatário brasileiro de facilitar as negociações visando o fim do conflito com a Rússia.

A viagem, realizada a pedido de Lula, marca a tentativa do governo brasileiro de mostrar que pretende estabelecer o diálogo com todos os lados envolvidos na guerra. Amorim esteve em Moscou no início de abril, onde encontrou-se com o presidente Vladmir Putin. A falta de uma visita ao outro lado da fronteira incomodou os ucranianos.

Zelensky, por sua vez, deve tentar persuadir o representante brasileiro a rever a tradicional posição de neutralidade, e enviar ajuda militar ao exército ucraniano. Desde que assumiu a Presidência, Lula tem evitado se comprometer e repetido a retórica de que ambos os lados do campo de batalha têm responsabilidade pelo conflito.

O ex-chanceler desembarca em Kiev com o objetivo de restabelecer a balança e ouvir o que o governo ucraniano tem a dizer. Como apurou o Metrópoles, Amorim não levará, no entanto, um documento com a proposta de paz brasileira. A possibilidade do envio de armamento às tropas ucranianas também é descartada.

Preocupações com a visita

A repercussão internacional da agenda tem sido motivo de apreensão do governo brasileiro. Representantes da diplomcia alertaram as autoridades ucranianas que o encontro não deve ser transformado em incentivo à “propaganda de guerra” do presidente Zelensky.

O temor do governo brasileiro é de que uma eventual exploração da visita bloqueie os canais previamente abertos com os russos, além da posição brasileira nos Brics, e como um possível facilitador das negociações visando o fim dos confrontos.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Roteiro pela Polônia

Para chegar à Kiev em meio à guerra, Celso Amorim fez um trajeto semelhante ao de chefes de Estado como o presidente Joe Biden (EUA) e Emmanuel Macron (França), que também visitaram Zelensky na sede do governo ucraniano.

O ex-chanceler embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), em Paris, nessa terça-feira (9/5), rumo à fronteira da Polônia com a Ucrânia. Lá, ele embarcou em um trem que percorreu cerca de 700km via terrestre até a capital, Kiev, no centro-norte do território ucraniano.

Em razão dos combates, o espaço aéreo ucraniano não é seguro para viagens, especialmente em meio aos alertas recentes de bombardeios de mísseis russos. Apesar da longa viagem, Amorim não deve passar mais de 24 horas dentro das fronteiras da Ucrânia.

Responsabilização pelo conflito

Em abril, Lula criou um “desconforto diplomático” ao acusar a Ucrânia de ter participação no início dos confrontos, e dizer que Estados Unidos e países da Europa, aliados de Kiev, estariam contribuindo para prolongar os embates.

“A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, declarou.

Dias depois, o presidente brasileiro recebeu o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, em Brasília. Na ocasião, o representante de Moscou afirmou que os dois países têm uma visão “similar” sobre os acontecimentos globais, em clara referência à situação no Leste Europeu.

Diante da sucessão de eventos, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, convidou o mandatário a visitar Kiev e conhecer a verdadeira realidade da guerra.

“A Ucrânia está assistindo com interesse os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra. Ao mesmo tempo, [assistimos] a abordagem pela qual a vítima e o agressor são tratados na mesma escala de pesos, e os países que ajudam a Ucrânia a defender-se contra a agressão mortal são acusados de incentivar a guerra”, criticou Nikolenko.

As proposta de paz do governo brasileiro tem sido bem recebidas por Zelensky, no entanto, algumas possibilidades ventiladas pelo brasileiro, como abrir mão da Crimeia, foram rechaçadas pelos ucranianos.

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