Alta nos alertas de focos de incêndio ameaça o Pantanal mato-grossense

Apenas até 10 de novembro deste ano, o Pantanal mato-grossense registrou 1.634 focos de incêndio

atualizado 10/11/2023 23:29

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Foto colorida de área destruída pelo fogo no Pantanal - Metrópoles Gustavo Figueiroa, diretor do SOS Pantanal

O estado de Mato Grosso registrou 1.634 focos de queimadas até 10 de novembro, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse índice preocupa especialistas que acompanham o avanço do fogo no Pantanal.

O recorde para queimadas no mês de novembro no Mato Grosso é de 2002, quando o Inpe registrou 3.247 focos de calor. À época, foram detectados, em média, 108 incêndios florestais na região.

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No acumulado do ano, as queimadas no Pantanal tiveram aumento de 156%, em comparação com janeiro a novembro de 2022, segundo o Inpe.

Em 2022, novembro registrou, no total, 1.746 focos de calor, uma média de 58 pontos por dia. No entanto, nos primeiros 10 dias de novembro deste ano, a média diária chegou a 163.

Confira:

El Niño

Habitualmente, a época das chuvas no Pantanal inicia-se em outubro e vai até abril. No entanto, especialistas ouvidos pelo Metrópoles destacam que o período chuvoso se mostra atípico, o que pode resultar no aumento dos incêndios florestais.

“O grande problema é que agora, em novembro, já deveria estar chovendo, e ainda não está. E não tem uma expectativa de chuva nos próximos cinco dias, uma semana. Então, a preocupação é de que esse fogo continue queimando, se não houver um combate efetivo”, alerta a pesquisadora Karla Longo, responsável pelo monitoramento de queimadas do Inpe.

Karla acrescenta que é muito difícil comparar a época de queimadas de 2023 com anos anteriores, uma vez que há incidência do fenômeno climático El Niño, responsável pelo aquecimento das águas do Pacifico pela alteraçã dos padrões de chuvas no Brasil.

A Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) emitiu um alerta de que o El Niño deve persistir até abril de 2024. Para a pesquisadora do Inpe, esse cenário é favorável para o aumento de casos de queimadas, o que pode chegar a novo recorde. “Nós temos a expectativa de que esse padrão de calor e seca permaneça”, ressalta a especialista.

O que é o Super El Niño, que pode fazer o calor subir acima da média

Falta de recursos

O biólogo e diretor do Projeto SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, está no Parque Estadual Encontro das Águas, no Mato Grosso, e contou ao Metrópoles que a situação da região é devastadora, principalmente para os animais.

“O fogo está se espalhando rápido, a gente encontrou, numa andada rápida hoje [10/11] aqui, diversos animais mortos, animais menores, como aves, pequenos roedores, cotias, jacarés e serpentes”, conta Gustavo.

O diretor do SOS Pantanal destaca ainda que os animais que conseguem sobreviver ao avanço do fogo acabam sofrendo com as consequências da terra arrasada, quando as chamas consomem todas as fontes de alimento.

“Eles não têm o que comer, não têm onde beber água, é muito mais difícil encontrar recursos, então muitos morrem também depois por falta de recursos”, esclarece Gustavo Figueiroa.

Controle do fogo

O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trabalham em conjunto no combate às chamas.

O biólogo Gustavo, no entanto, avalia que o combate não está tão efetivo como deveria. “O Corpo de Bombeiros não conseguiu fazer a prevenção e o monitoramento corretos e evitar que as chamas se espalhassem novamente”, criticou.

O diretor do SOS Pantanal reforça que as autoridades federais e estaduais devem trabalhar em uma ação de prevenção aos incêndios florestais no Pantanal e impedir a destruição do bioma.

“Tem de investir pesado em estruturas espalhadas pelo Pantanal, pontos de acesso de água e pontos de acesso para receber os brigadistas, os bombeiros, os combatentes”, reforça Figueiroa.

O Ministério do Meio Ambiente informou ao Metrópoles que as equipes do ICMBio e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contam com o apoio de 47 brigadistas e uma aeronave para combater o fogo no Parque Nacional Pantanal Mato-grossense.

O órgão ambiental federal destacou que mais brigadistas foram mobilizados para atuar na região e mais duas aeronaves devem ser deslocadas para o Pantanal neste fim de semana.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os incêndios no Parque Nacional Pantanal Matogrossense foram causados por raios. As chamas estão sendo monitoradas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman).

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso comunicou que trabalha contra os incêndios florestais por meio de combate direto no Parque Estadual Encontro das Águas, Parque Nacional do Pantanal, Reserva Particular Permanente Federal Fazenda Estância Dorochê e na região do Sararé.

A equipe salientou que o combate às queimadas enfrentam dificuldades, uma vez que o Pantanal tem grandes áreas úmidas, com vegetação pantanosa, e que, em algumas localidades, o fogo tem a característica de reignição devido ao longo período de estiagem.

O Metrópoles questionou o governo estadual sobre as ações de combate e prevenção às queimadas no Pantanal, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

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