Após ocupação de fazendas, PT e PL se unem contra conselho indigenista

Fazendas teriam sido ocupadas com financiamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), segundo classe política de Mato Grosso do Sul

atualizado 08/05/2023 16:28

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Indígenas de todo o Brasil marcham do Acampamento Terra Livre, na Praça da Cidadania, até o Congresso Nacional. / Metrópoles Fotos: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está sendo acusada de financiar ocupações de fazendas em Mato Grosso do Sul. O deputado estadual Coronel David (PL-MS) apresentou notas fiscais nas quais o grupo aparece como pagador do transporte que levou os manifestantes.

“Eu fiz indicação à Secretaria de Segurança sobre as invasões que estavam ocorrendo no estado e em uma reunião posterior tive acesso à cópia de inquérito que prova que o CIMI incentiva e ajuda invasões de terra em MS. O inquérito policial, inclusive, traz declarações das empresas de ônibus contratadas, facilitando assim a invasão na fazenda de Rio Brilhante”, disse Coronel David no plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Então, ele mostrou duas notas fiscais no valor de R$ 10 mil pelo transporte. “Certamente vai haver responsabilização e vamos cobrar para que não gere dúvidas e que outras pessoas sejam desestimuladas à prática criminosa”, continuou o parlamentar.

Coronel David também é coordenador da Frente Parlamentar de Defesa do Direito de Propriedade e afirmou que vai ao Ministério do Planejamento, chefiado por Simone Tebet, que também é de Mato Grosso do Sul, a fim de pedir a inclusão de orçamento para indenizar os proprietários rurais afetados.

A nota fiscal apresentada pelo parlamentar é sobre a ocupação da Fazenda Inho, em Rio Brilhante (MS). O documento foi apresentado na Assembleia Legislativa do estado.

Nota fiscal contra Cimi / Metrópoles
Nota fiscal obtida pela revista Veja contra o Cimi / Metrópoles

Em nota pública, o conselho missionário repudiou as acusações contra a organização, alegando serem falsas e difamatórias. “Cimi manifesta seu repúdio e indignação em relação às acusações falsas e difamatórias proferidas pelos deputados Coronel David (PL/MS) e Zeca do PT (PT/MS), em sessão realizada na manhã da última quinta-feira (4) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS)”, diz a nota.

E criticou o deputado petista sobre seu posicionamento. “É extremamente constrangedor notar que no Mato Grosso do Sul interesses econômicos ligados ao agronegócio podem aproximar ideologicamente um deputado do PT, partido historicamente aliado da causa indígena, e um parlamentar do PL, inimigo declarado da mesma”, afirmou. “Em ato contínuo à fala de David, o deputado Zeca do PT, à revelia do compromisso histórico do partido com a causa indígena, congratulou o Coronel e contribuiu, infelizmente, com a deslegitimação do povo Kaiowá e suas lutas legítimas e com a criminalização de apoiadores do movimento indígena, fazendo defesa ideológica do agro”, completou.

“O Cimi tem consciência que as tentativas de criminalização contra nossa entidade nunca cessarão. Esta não foi a primeira e não será a última. Ao longo de nossos 51 anos, sempre que o direito indígena avançou, junto aos povos, lado a lado fomos também atacados e criminalizados”, finalizou.

Fazendeiro ligado ao PT

O povo Guarani e Kaiowá chegou a denunciar uma série de situações de assédio envolvendo José Raul das Neves Júnior, presidente do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade de Rio Brilhante (MS) e filho do dono da Fazenda Inho.

Ou seja, no estado, o PT e o PL deixaram as diferenças políticas no espectro nacional de lado e se uniram contra os indígenas. Em defesa do correligionário, Zeca do PT, ex-governador do estado de Mato Grosso do Sul, chegou a discursar contrário aos indígenas.

Cimi

Uma publicação feita nesta segunda-feira, no site do Cimi, cita que os Kaiowá e Guarani do tekoha Laranjeira Nhanderu ocuparam a Fazenda Inho, em Rio Brilhante (MS), e que, durante o processo, sofreram um “ataque ilegal da Polícia Militar”.

“Os indígenas clamam que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério Público Federal (MPF) assumam a interlocução com o estado antes de novo ataque policial”, diz o site da organização. O site afirma ainda que a ocupação à Fazenda Inho se dá após “décadas de violações sofrida pelos indígenas dentro de seu próprio território. Muitas destas violências foram protagonizadas por pessoas ligadas à Fazenda Inho, como despejos aéreos de agrotóxicos, destruição de plantações das famílias Kaiowá, ameaças e cerceamento de liberdade de ir e vir.”

O Cimi acusa a PM do estado de orquestrar uma retomada sem ordem judicial, seguindo apenas “determinações políticas” do governo sul-matogrossense.

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