Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

Sem Exército, GLO de Lula não terá “militar em favela”; análise

Lula disse que papel dos militares não é "brigar com bandido" na favela; governo deu resposta à crise de segurança

atualizado 02/11/2023 8:31

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Lula e militares Hugo Barreto/Metrópoles

Lula disse, na semana passada, em café com jornalistas que cobrem a Presidência, que não decretaria em seu governo uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e que não queria as Forças Armadas “na favela, brigando com bandido”. Frisou que esse não seria o papel dos militares.

Menos de uma semana depois, está aí a GLO, mas, de fato, sem militar na favela. O Exército foi excluído e caberá à Marinha e à Aeronáutica ter o poder de polícia nos portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A ausência do Exército tem razão. Tanto na Força quanto nas polícias há um incômodo antigo com a sobreposição de atuação de agentes estaduais com militares. Até hoje não houve uma experiência nas favelas do Rio que não tenha trazido algum tipo de trauma, como o caso do fuzilamento do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, em 2019. E, para a missão designada à Força no plano anunciado hoje, o patrulhamento de fronteiras, não seria necessária uma GLO. A atribuição já está no escopo constitucional do Exército.

Politicamente, o decreto foi a principal resposta de Lula até agora à crise de segurança pública, num sinal de que o Planalto reconheceu o ônus político que uma eventual omissão lhe traria. Até alguns dias atrás, um envolvimento mais próximo com o tema, em especial no RJ, trazia a preocupação com um eventual desgaste de imagem.

Outro sinal político que deve ser considerado é o engajamento das Forças Armadas com um tema que não o golpismo do governo Bolsonaro. Há muito interesse entre os militares em virar essa página, e nada como imagens de fardados atuando como polícia no Porto do Rio ou no Aeroporto de Guarulhos para ajudar nisso.

Será também a primeira iniciativa de monta das Forças Armadas sob o comando de Lula. Há um simbolismo importante em ver os três comandantes atendendo às ordens do presidente, considerando que, há um ano, o fantasma de uma eventual insubordinação rondava Brasília.

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